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Derrite no PL Antifacção provoca críticas e tensão entre Lula e Tarcísio

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Na noite de terça-feira (18), a Câmara aprovou o projeto Antifacção somente após a apresentação da sexta versão elaborada por Guilherme Derrite (PP-SP).

Durante quase duas semanas, o trabalho do relator causou incômodo no Centrão, mantendo a disputa política entre dois possíveis candidatos à Presidência: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Guilherme Derrite, ex-secretário de Segurança na gestão Tarcísio, foi escolhido pelo Centrão para evitar que o projeto se tornasse um trunfo para o governo Lula na área de segurança pública.

A nomeação é atribuída ao presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), aliado do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que também apoia uma candidatura de Derrite ao Senado e de Tarcísio à Presidência. Recentemente, um acordo com o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, levou Derrite ao PP.

Há uma articulação para que Derrite dispute o governo de São Paulo caso Tarcísio não concorra à reeleição. No entanto, a condução turbulenta da relatoria fez esses esforços diminuírem.

Membros do PP foram surpreendidos pela reação negativa às primeiras versões do relatório de Derrite. A avaliação é que, apesar de sua experiência na área, faltou mais diálogo com lideranças partidárias, governo e aliados do bolsonarismo antes de apresentar as propostas.

Derrite submeteu textos alternativos sem consultar suficientemente os líderes políticos, o governo, ou seus próprios aliados.

Apesar do embate que derrite provocou com o Poder Executivo, outra crítica feita nos bastidores é que o deputado estava despreparado para a resistência do Palácio do Planalto ao projeto.

Tarcísio inicialmente evitou comentar publicamente o projeto e não participou da reunião dos governadores de direita com o presidente da Câmara. Defendeu a escolha de Derrite, mas não se envolveu diretamente nas disputas com a Polícia Federal.

Apenas um dia após o adiamento do texto, Tarcísio falou mais detalhadamente, afirmando que a eleição está distante e que está focado no trabalho em São Paulo, embora tenha criticado a gestão de Lula na área da segurança.

A assessoria de Derrite declarou que a escolha para relatoria foi técnica, baseada na experiência de Derrite em segurança pública, e destacou que Tarcísio não participa diretamente do processo.

Aluisio Mendes (Republicanos-MA), que mediu negociações entre Derrite e policiais federais, criticou o governo, afirmando que Derrite tem vasta experiência e que o governo deveria colaborar em vez de contestar a autoria do projeto.

Inicialmente, a ideia era que Derrite relatasse um projeto que equiparasse facções criminosas a grupos terroristas, proposta apoiada por parte do Centrão e da oposição, para substituir o projeto sugerido pelo governo. Contudo, o presidente da Câmara se posicionou contra essa classificação, e a solução foi indicar Derrite para relatar o projeto original do governo.

Apesar do apoio da direita ao projeto Antifacção, aliados tentam alinhar com Jair Bolsonaro o discurso para o embate político com Lula. Discussões sobre a indicação de Tarcísio como herdeiro político de Bolsonaro para 2026 estão previstas para dezembro, autorizadas pelo STF.

Integrantes do União Brasil, que ajudaram a escolher Derrite, estão preocupados com o curto prazo para unificação da direita e temem que Bolsonaro seja preso antes de firmar acordos políticos.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), considera Derrite um especialista em segurança pública e acredita que deve-se tratar a questão com quem tem experiência de campo. No entanto, Zema discorda das estratégias do Centrão e já declarou sua pré-candidatura, avisando Bolsonaro.

Do lado governista, a articulação para colocar Derrite no centro do debate é vista como um meio de destacar Tarcísio num tema prioritário para a direita.

O deputado federal Rui Falcão (PT-SP) afirma que a oposição está usando Derrite como ferramenta de campanha eleitoral, mas que o governo está ganhando o debate popular ao focar em pautas importantes para a população.

A segurança pública é tema sensível para o governo Lula, que após a reunião dos governadores de direita com Hugo Motta, convocou seis ministros com experiência estadual para uma reunião estratégica.

Uma ala governista avalia que houve falha política ao não antecipar a manobra oposicionista de designar Derrite relator de um projeto que nasceu no Ministério da Justiça e que seria vitrine do governo na área de segurança pública.

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