África do Sul sediará cúpula do G20 sem Trump

A África do Sul vai receber neste fim de semana a cúpula do G20, um encontro onde serão discutidos compromissos para aliviar as dívidas dos países em desenvolvimento e combater as desigualdades, embora o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não participe do evento.

Desde que voltou ao poder, Trump tem demonstrado desconfiança em relação a acordos multilaterais, como o G20, adotando medidas que incluem a imposição de tarifas comerciais. Seu retorno à presidência dos EUA foi visto como um desafio para a primeira presidência africana do G20.

Além das divergências sobre o multilateralismo, Trump já criticou duramente o governo do presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, acusando-o de omissão diante de uma suposta perseguição à minoria africâner, descendente dos colonizadores europeus.

A África do Sul, que enfrenta tarifas mais altas na região da África Subsaariana, tentou melhorar as relações com Washington, mas Cyril Ramaphosa está determinado a seguir com a agenda do G20 mesmo sem a participação dos Estados Unidos.

A presidência do G20 pela África do Sul terá como tema central a “Solidariedade, igualdade, sustentabilidade”, com foco no alívio da dívida dos países em desenvolvimento, no financiamento da adaptação às mudanças climáticas e na redução das desigualdades econômicas.

De 2021 a 2023, o continente africano gastou mais com juros da dívida do que com educação e saúde, conforme dados da ONU.

A África do Sul busca criar um painel internacional para tratar das desigualdades, similar ao IPCC, conforme recomendação de um relatório coordenado pelo ganhador do Nobel de Economia Joseph Stiglitz.

A presença da China é marcante, com o primeiro-ministro Li Qiang participando ativamente e destacando a importância de evitar uma volta à competição comercial agressiva. A ausência dos EUA será compensada com a representação da Rússia pelo conselheiro econômico Maxim Oreshkin.

O encontro será realizado na capital econômica sul-africana e marca o encerramento de uma sequência de presidências do G20 por países do Sul Global, incluindo Indonésia, Índia e Brasil. Após o evento, a presidência será passada aos Estados Unidos.

O governo americano demonstrou interesse em se concentrar em temas de cooperação econômica durante sua presidência do G20, cuja próxima cúpula está marcada para dezembro de 2026, em Miami, em um clube de golfe pertencente à família Trump.