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Ostras e mel: conheça a comunidade quilombola de Cananeia em São Paulo
Situada em Cananeia, no litoral sul de São Paulo, a comunidade quilombola do Mandira é destaque por ser a única do estado beneficiada em um conjunto de 28 decretos que desapropriam áreas rurais para garantir a regularização de territórios quilombolas, assinados pelo presidente Lula no Dia da Consciência Negra, 20 de novembro.
Mandira é conhecida principalmente pelo cultivo de ostras e está localizada dentro de uma reserva extrativista na estrada Itapitangui/Ariri. As famílias da comunidade também investem no turismo comunitário para fortalecer sua economia local.
A assinatura dos decretos ocorreu no Palácio da Alvorada, onde o presidente Lula recebeu a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. Na mesma ocasião, o presidente oficializou a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).
Anielle Franco ressaltou que esses decretos, que são etapas anteriores à titulação das terras, representam uma importante reparação histórica para os quilombolas. Com esses atos, o presidente Lula se torna recordista em decretos de regularização no atual mandato, com um total de 60.
Além disso, o governo federal anunciou a disponibilização de um crédito de R$ 100 milhões para fortalecer a estrutura dos territórios quilombolas beneficiados.
Na comunidade do Mandira, os visitantes podem encontrar restaurantes locais, piscinas com águas de cachoeira, espaços culturais e uma variedade de artesanato feito com materiais naturais como cipó e sementes. O destaque da gastronomia local está no preparo de ostras, que é um dos principais atrativos da região.
Entre os pontos turísticos da comunidade estão os viveiros para engorda de ostras, a Cachoeira do Mandira, a Casa de Pedra, a Igreja de Santo Antônio — onde acontece a tradicional reza do terço cantado, uma oração típica quilombola — e o Sítio Arqueológico Sambaqui.
A maior festividade da comunidade é a festa de Santo Antônio, padroeiro local.
Outra atividade significativa entre os moradores é a apicultura, que envolve a criação e manejo de abelhas para produção de mel, própolis, geleia real, pólen e cera.
A comunidade também desenvolve trabalhos artesanais com cipó, produzindo bijuterias com sementes nativas, bolsas, camisetas, macacões para apicultores, chaveiros, bonecas e peças decorativas de tecido.
A história da comunidade Mandira remonta a 1868, quando o fundador da família, Francisco Mandira, recebeu as terras do sítio como doação de sua meia-irmã, Celestina Benícia de Andrade. Francisco era descendente da relação entre um senhor de escravos e uma de suas escravas.
Devido às limitações ambientais e à falta de definição formal da titulação da terra, as atividades tradicionais de roça e criação de animais são inviáveis, o que faz do cultivo de ostras a principal fonte de renda das famílias.
O território abrange uma área de 2.880 hectares, dividida entre 1.705 hectares de terra firme coberta por Mata Atlântica e 1.175 hectares de mangue. A região de mangue foi transformada em Reserva Extrativista em 2002 para regulamentar a extração e cultivo de ostras, caranguejos e peixes.
Na área encontra-se uma rica diversidade natural, com rios, montanhas e cachoeiras. A fauna local é variada, incluindo espécies como macacos, tatus, quatis, tamanduás, veados, cotias, lontras, onças, tucanos, corujas e gralhas.

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