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Obra de 70 milhões vai transformar Viaduto do Chá e entorno
Uma intervenção estimada em R$ 70 milhões promete renovar o visual do Viaduto do Chá, da Praça do Patriarca e ao redor do Theatro Municipal nos próximos anos. Esta iniciativa, que deverá ser licitada em breve pela gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB), teve seu orçamento ajustado algumas vezes e tem provocado debates devido às alterações propostas.
Dentre as principais mudanças, estão a substituição das pedras portuguesas por pisos de granito, o realocamento das bancas de jornais para o lado posterior do Theatro Municipal e o reposicionamento da estátua de José Bonifácio para o centro da Praça do Patriarca.
O projeto inicial apresentava o fechamento da marquise projetada pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha com vidro, porém essa ideia foi descartada após o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico (Condephaat) se manifestar contra. Está em análise uma nova proposta para fechar a entrada da galeria Prestes Maia, substituindo as grades atuais.
Responsável pelo plano na Prefeitura de São Paulo, o secretário municipal de Infraestrutura Urbana e Obras, Marcos Monteiro, explica que a iniciativa faz parte das etapas de melhorias no centro histórico da capital paulista e surgiu após constatar a necessidade de reparar o Viaduto do Chá.
O viaduto, construído inicialmente em 1892 com estrutura metálica trazida da Alemanha e idealizado pelo francês Jules Martin, tem grande relevância para a história da cidade. A obra atual, datada de 1939 e de estilo Art Déco, foi assinada pelo arquiteto Elisiário Bahiana.
As calçadas do viaduto receberão o piso em granito vermelho e cinza, o que, segundo Marcos Monteiro, reduzirá a carga sobre a estrutura e facilitará a manutenção, devido à dificuldade em encontrar mão de obra especializada para reassentamento de pedras portuguesas.
A renovação também visa corrigir infiltrações na Galeria Prestes Maia, uma passagem subterrânea que une a Praça do Patriarca ao Vale do Anhangabaú, espaço frequentemente reclamado por sua concessionária e pouco utilizado culturalmente nos dias atuais.
Outras intervenções incluem a implantação de um ponto de ônibus sobre o viaduto e a utilização de um bondinho desativado como posto de informações turísticas, próximo ao Shopping Light. Além disso, as bancas de jornais situadas próximas ao shopping e ao Theatro Municipal serão transferidas para ruas adjacentes, dando lugar a uma base da Guarda Civil Metropolitana na parte frontal do teatro, o que tem causado insatisfação entre os jornaleiros locais.
Na Praça do Patriarca, localizada próxima à Igreja Santo Antônio, uma das mais antigas e tombada como patrimônio histórico, está prevista a reforma do piso mantendo os desenhos dos mosaicos atuais. A questão do fechamento da entrada da galeria Prestes Maia sob a marquise, obra assinada por Paulo Mendes da Rocha, permanece uma polêmica no projeto.
A marquise, instalada na gestão da prefeita Marta Suplicy (PT), já foi alvo de críticas por dificultar a visão ampla do centro novo. Houve sugestões de sua remoção, mas a família do arquiteto e especialistas manifestaram-se contrários a qualquer alteração que interfira na integridade da obra.
Em julho, o prefeito Ricardo Nunes indicou que a marquise poderia ser transferida para um local com melhor visibilidade, mas esta ideia dependia da aprovação da família do arquiteto, que rejeitou a proposta. O Condephaat também se posicionou contra o fechamento com vidro da galeria, sugerindo um fechamento retrátil no gradil existente, para permitir a abertura quando necessário e preservar a integridade visual da marquise.
Pedro Mendes da Rocha, filho do arquiteto e também arquiteto, defende a preservação da marquise inalterada, ressaltando sua importância histórica e seu reconhecimento internacional.
A prefeitura analisará as sugestões e pretende apresentar o projeto final ainda este ano. A expectativa é lançar a licitação em 2024, com os vencedores anunciados até maio de 2026. A previsão é que as obras durem aproximadamente 18 meses. O orçamento inicial, que estava estimado em R$ 58 milhões, foi revisado para cerca de R$ 70 milhões após levantamentos mais detalhados.

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