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Lula defende controle soberano sobre minerais críticos e inteligência artificial no G20

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou neste domingo (23) a importância de discutir a autonomia dos países sobre o conhecimento e o valor agregado dos minerais estratégicos. Lula falou durante a última sessão temática da Cúpula de Líderes do G20, realizada em Joanesburgo, África do Sul.

A discussão focou nos minerais essenciais, inteligência artificial e trabalho digno, temas igualmente abordados na COP30, que terminou recentemente.

“A integração destes três pilares do desenvolvimento determinará o presente e o futuro das próximas gerações”, afirmou o presidente brasileiro.

Minerais críticos são recursos vitais para setores como tecnologia, defesa e transição energética, com oferta sujeita a riscos de escassez ou concentração em poucos fornecedores. Entre eles estão elementos como lítio, cobalto, níquel e terras raras, essenciais para baterias de veículos elétricos, turbinas eólicas, painéis solares e semicondutores.

A Cúpula do G20, presidida pela África do Sul este ano, emitirá um documento que reforça a importância de agregar valor localmente a esses minerais, com princípios que orientem sua extração e beneficiamento.

Segundo Lula, a transição energética traz oportunidades para ampliar o avanço tecnológico e ressignificar a exploração dos recursos naturais.

“Países que detêm grandes reservas minerais não devem ser vistos apenas como fornecedoras, mas como protagonistas da inovação tecnológica. O controle do conhecimento e do valor agregado desses recursos é o que realmente importa”, declarou.

“Falar sobre minerais críticos é também falar sobre soberania, que se mede pela capacidade de transformar recursos em políticas que beneficiem o povo. É fundamental investir de forma sustentável, ambientalmente e socialmente responsável, para fortalecer as bases industriais e tecnológicas dos países donos desses recursos”, completou.

O Brasil detém cerca de 10% das reservas mundiais desses minerais, segundo o Instituto Brasileiro da Mineração (Ibram).

Pesquisas indicam que a procura por minerais para a transição energética no país já provoca conflitos nas áreas de extração e acelera a crise climática.

O presidente ressaltou a criação do Conselho Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos, que planeja políticas para a exploração sustentável, garantindo que o Brasil seja parceiro na cadeia global de valor, não apenas exportador.

Inteligência Artificial e Trabalho Digno

Lula também destacou a inteligência artificial (IA) como uma oportunidade para impulsionar o desenvolvimento de forma justa, defendendo uma governança global e representativa para que seus benefícios sejam amplamente compartilhados.

“A IA promove inovação, eleva a produtividade, incentiva práticas sustentáveis e pode melhorar a vida das pessoas de forma concreta. O desafio é garantir que todos a usem segura e confiavelmente”, explicou.

Ele alertou para o risco do controle concentrado de algoritmos e dados, que pode gerar exclusão e um novo tipo de colonialismo digital, e defendeu que as Nações Unidas conduzam o debate sobre a governança da IA.

Lula lembrou que 2,6 bilhões de pessoas ainda não têm acesso ao mundo digital, ressaltando a desigualdade entre países de alta e baixa renda, e frisou a necessidade de que o avanço tecnológico crie empregos e proteja os trabalhadores, considerando que 40% da força de trabalho global está exposta à automação.

“Cada avanço tecnológico deve promover inclusão social. É preciso construir pontes entre setores tradicionais e emergentes, fortalecendo os direitos humanos e trabalhistas”, concluiu.

Contexto do G20

O G20, principal fórum para cooperação econômica internacional criado em 1999, também atua politicamente por meio de uma cúpula de chefes de Estado e governo desde 2008.

Em 2025, a presidência sul-africana conduz os trabalhos sob o tema “Solidariedade, Igualdade e Sustentabilidade”, com foco em fortalecer a capacidade de resposta a desastres, sustentabilidade da dívida pública de países vulneráveis, financiamento para transição energética justa e minerais críticos como motores de desenvolvimento.

Além das sessões temáticas, Lula manteve reuniões com líderes importantes e segue para uma visita oficial a Moçambique, fortalecendo as relações bilaterais.

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