Filhos de Bolsonaro influenciaram derrotas legais e prisão do ex-presidente

Próximos do ex-presidente Jair Bolsonaro durante sua gestão e interessados em manter o legado político dentro da família, seus filhos foram fundamentais nos últimos meses para justificar perdas judiciais que culminaram na prisão preventiva de Bolsonaro neste sábado.

A decisão do ministro Alexandre de Moraes que transformou a prisão domiciliar de Bolsonaro em prisão preventiva baseou-se em ações de dois filhos: o senador Flávio Bolsonaro que organizou uma vigília em frente ao condomínio do pai, e a fuga do deputado Eduardo Bolsonaro para os Estados Unidos em março deste ano.

Segundo a decisão, a combinação desses atos, junto à tentativa de Bolsonaro de retirar sua tornozeleira eletrônica, tornou insustentável manter sua prisão em casa devido às tentativas de obstrução da justiça e risco concreto de fuga.

A Polícia Federal foi especialmente alarmada pela divulgação de um vídeo pelo senador Flávio Bolsonaro convocando apoiadores para uma vigília em frente à residência do ex-presidente em Brasília.

Flávio Bolsonaro também foi determinante para a prisão domiciliar anterior em agosto, quando publicou um vídeo do pai pedindo apoio a manifestações proibidas pelo ministro Alexandre de Moraes.

O ministro interpretou essas convocações como ameaça à ordem pública e que poderiam facilitar uma eventual fuga do ex-presidente.

Em agosto, a prisão domiciliar foi decretada em razão das ações do deputado Eduardo Bolsonaro, que se afastou do cargo e foi aos Estados Unidos. A medida esteve ligada à participação dele em ações contra autoridades brasileiras, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal, e ao envio de recursos pelo pai para financiar sua permanência no exterior.

Mensagens investigadas revelaram discordâncias políticas entre pai e filho, especialmente em relação ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

O ministro Alexandre de Moraes destacou que a conduta dos filhos, especialmente nas redes sociais, demonstra estratégias para que o ex-presidente contorne restrições legais, como o uso de suas redes pela família mesmo com determinações contrárias.

Segundo Moraes, a repetição dessas ações, a convocação de apoiadores com a intenção de provocar tumultos e interesses ilícitos, a possibilidade de fuga para embaixadas próximas, além das tentativas reiteradas de evasão territorial por seus aliados familiares, indicam alto risco de fuga de Jair Messias Bolsonaro, o que exige medidas mais rigorosas.