Lula apoia diálogo e liderança do Ibas em temas globais

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu neste domingo (23) que o Fórum Índia-Brasil-África do Sul (Ibas) retome um papel central na governança da inteligência artificial e amplie discussões sobre trabalho digno nos mercados emergentes, além de temas de saúde, como vacinas e direitos sexuais e reprodutivos. Lula destacou que o fórum esteve parado nos últimos anos, mas que sua coordenação trilateral pode ser revitalizada com liderança em assuntos internacionais importantes.

Lula falou durante a reunião de líderes do Ibas em Joanesburgo, África do Sul, na margem da Cúpula de Líderes do G20, composta pelas maiores economias do mundo e realizada na capital sul-africana. O Ibas foi criado em 2003 para promover a cooperação entre os países do Sul Global.

O presidente ressaltou que Índia, Brasil e África do Sul têm como missão equilibrar os valores de soberania e autonomia com o desenvolvimento e a defesa da democracia e dos direitos humanos. Essa capacidade, segundo Lula, é uma marca do Ibas e sua maior contribuição para a ordem global.

Ele destacou que a agenda multilateral de saúde, incluindo acesso a medicamentos e vacinas, deve ser um foco do fórum. Entre os três países, há abertura para discutir direitos humanos, igualdade de gênero e direitos sexuais e reprodutivos, bem como enfrentar o extremismo e proteger a democracia.

Para o presidente, sindicatos e organizações não governamentais dos países integrantes devem ajudar a fomentar debates sobre participação social e os desafios do mundo do trabalho nos mercados emergentes. Um dos temas importantes é a governança global da inteligência artificial que promova o desenvolvimento justo das nações.

Lula afirmou que os países do Ibas são fundamentais para construir um sistema justo, democrático e eficaz de governança e acesso a dados, dirigindo-se ao presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi.

Cooperação Sul-Sul

Ele lembrou que os líderes do Ibas não se reuniam desde 2011 e ressaltou a necessidade de estabelecer periodicidade para esses encontros de alto nível. Para Lula, a coordenação do fórum nos temas do Sul Global deve refletir em outros fóruns internacionais, como o G20, as Nações Unidas e o Brics, que inclui os países do Ibas.

O presidente questionou o papel atual do Ibas e a possibilidade de diálogo com novas democracias do Sul Global, citando México, Quênia e Malásia. Defendeu uma reflexão profunda sobre o futuro do fórum e avisou que replicar agendas do Brics pode fazer o Ibas permanecer a sua sombra, destacando que a identidade do Ibas vem de ser grandes emergentes e democracias do Sul Global.

Lula destacou que a vocação do Ibas para a cooperação Sul-Sul está viva, citando o Fundo Ibas, que já financiou 51 projetos em 40 países e contribuiu para a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, lançada no G20 no ano anterior.

Agenda

Lula chegou a Joanesburgo na sexta-feira (21) para a Cúpula do G20. No sábado (22), participou das sessões sobre crescimento econômico sustentável e inclusivo; mudança do clima e redução de riscos de desastres. No domingo, falou sobre minerais críticos, inteligência artificial e trabalho digno.

Além disso, manteve encontros bilaterais com o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e o primeiro-ministro da Alemanha, Friedrich Merz.

Após a cúpula, Lula concedeu entrevista à imprensa e seguiu para Maputo, em Moçambique, em visita de trabalho pelo aniversário de 50 anos das relações diplomáticas entre os países. A expectativa é que a comitiva retorne ao Brasil ainda na segunda-feira (24).