Economia
Déficit nas contas externas cai para US$ 5,1 bilhões em outubro
As contas externas do Brasil, que indicam o fluxo de capital entre o país e o exterior, mostraram um déficit de US$ 5,1 bilhões em outubro, conforme dados do Banco Central divulgados nesta terça-feira.
Este resultado aponta uma redução significativa em relação a outubro de 2024, quando o saldo negativo foi de US$ 7,4 bilhões, com o desempenho mais forte da balança comercial ajudando a minimizar o impacto.
No total dos últimos 12 meses, o déficit em transações correntes atingiu US$ 76,7 bilhões, cerca de 3,48% do PIB, apresentando um leve recuo frente a setembro (3,61%).
A balança comercial, que contabiliza exportações e importações de bens, se manteve como o principal fator que evitou um déficit maior nas contas externas, registrando superávit de US$ 6,2 bilhões — praticamente o dobro dos US$ 3,2 bilhões anotados em outubro de 2024.
- Exportações: US$ 32,1 bilhões (+8,9%)
- Importações: US$ 25,9 bilhões (-1,3%)
O aumento nas vendas para o exterior e a diminuição das importações ajudaram a contrabalançar outros déficits no balanço.
Serviços continuam pressionados por turismo e tecnologia
A conta de serviços manteve déficit de US$ 4,4 bilhões, igual ao registrado no mesmo mês do ano anterior.
Houve melhorias em alguns setores, como transporte, cujo déficit caiu 18,5%, para US$ 1,3 bilhão, mas outros apresentaram crescimento:
- Viagens internacionais: déficit de US$ 1,3 bilhão (+14,5%) — brasileiros gastaram US$ 1,9 bilhão no exterior, enquanto as receitas com estrangeiros foram de US$ 573 milhões
- Serviços de propriedade intelectual: déficit de US$ 995 milhões (+35,6%)
- Serviços de telecomunicações, computação e informação: US$ 591 milhões (+142%)
Esses aumentos compensaram as quedas em outras áreas, deixando o saldo de serviços no negativo.
Ampliação do déficit pela remessa de lucros e pagamento de juros
A conta de renda primária, que inclui pagamentos de juros da dívida externa e remessas de lucros e dividendos para multinacionais, foi o principal impacto negativo do mês.
O déficit chegou a US$ 7,4 bilhões, 12,7% acima de outubro do ano passado:
- Juros pagos ao exterior: US$ 2,2 bilhões (+31,7%)
- Lucros e dividendos enviados: US$ 5,3 bilhões (ante US$ 5,0 bilhões em 2024)
Esse aumento nas saídas de capital reduz o saldo das contas externas, mesmo com o bom desempenho da balança comercial.
Investimento estrangeiro direto segue em alta
Os investimentos diretos no país (IDP), que financiam projetos produtivos e participações acionárias de longo prazo, somaram US$ 10,9 bilhões em outubro, superando os US$ 6,7 bilhões do mesmo mês de 2024.
Os dados detalham:
- Participação no capital: US$ 10,1 bilhões, incluindo US$ 6,6 bilhões em novos aportes e US$ 3,5 bilhões em lucros reinvestidos
- Operações intercompanhia: US$ 855 milhões
Em 12 meses, o IDP acumulado foi de US$ 80,1 bilhões (3,63% do PIB).
Além disso, os investimentos em carteira, que envolvem aplicações em ações e títulos, registraram ingresso líquido de US$ 3,2 bilhões, impulsionados por títulos de dívida.
Reservas internacionais crescem para US$ 357,1 bilhões
As reservas internacionais — ativos em moeda estrangeira usados pelo Banco Central para assegurar estabilidade em períodos de volatilidade — fecharam outubro em US$ 357,1 bilhões, um aumento de US$ 521 milhões em relação ao mês anterior.
Esse crescimento veio principalmente de US$ 809 milhões em receitas de juros e US$ 736 milhões em ganhos de preços, embora vendas no mercado à vista e variações cambiais tenham reduzido parte desses ganhos.
Novo método para registro de criptoativos pelo Banco Central
O Banco Central anunciou uma mudança metodológica que separa as operações com criptoativos em duas categorias:
- Criptoativos sem emissor, como o Bitcoin, registrados como ativos não financeiros
- Criptoativos com emissor, como stablecoins, classificados como ativos financeiros
Essa atualização segue o manual mais recente do Fundo Monetário Internacional e não altera o volume total transacionado, apenas reclassifica as contas.

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