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PCC é a organização criminosa que mais cresce no mundo, diz promotor ameaçado de morte
Lincoln Gakiya, promotor do Ministério Público de São Paulo (MPSP), afirmou nesta terça-feira (25/11) que o Primeiro Comando da Capital (PCC) é atualmente a organização criminosa em maior expansão no mundo. A declaração foi feita durante um depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime no Senado Federal.
Gakiya, que atua no grupo especializado de combate ao crime organizado (Gaeco), é reconhecido como o principal adversário da facção paulista, estando sob ameaça de morte há pelo menos duas décadas. Em outubro, uma operação do MPSP desbaratou um novo esquema do grupo para assassinar o promotor e Roberto Medina, coordenador dos presídios de São Paulo.
Ele ressaltou a sofisticação do PCC, destacando: “Desconheço outra organização criminosa, especialmente na América do Sul, com esse grau de desenvolvimento”.
“O PCC está presente em todos os estados brasileiros, somando-se ao Distrito Federal. Está em 28 países e é a organização criminosa que mais cresce no mundo atualmente. Mantém vínculos estreitos com organizações criminosas europeias, como as máfias italianas, incluindo a ‘Ndrangheta e a Camorra, e também com facções da Sérvia, dos Bálcãs, da África e de outras regiões da América do Sul”, completou.
Além disso, o promotor destacou a evolução financeira da facção nos últimos 15 anos, passando de um faturamento de R$ 10 milhões por ano para algo entre R$ 10 e R$ 12 bilhões atualmente.
“Em 2010, conforme dados coletados na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, o PCC arrecadava cerca de R$ 10 milhões anuais. Hoje, estimamos pelo menos R$ 2 bilhões, podendo chegar a R$ 12 bilhões ao ano.”
Integração entre instituições
No contexto das discussões sobre a criação de um projeto de lei antifacção e de uma Autoridade Nacional Antimáfia, Lincoln Gakiya defendeu uma maior integração entre as polícias Federal e estaduais.
Ele manifestou preocupação com a falta de cooperação institucional, observando que muitas ações dependem da iniciativa individual dos servidores, e não da coordenação das chefias.
“Fico preocupado quando pergunto se forças federais e estaduais cooperam politicamente, principalmente quando os governos são de orientações opostas”, declarou. “Não existe uma efetiva força-tarefa ou ação integrada, o que temos é a dedicação dos policiais, promotores e agentes da Receita à frente das operações.”
O promotor sugeriu que a integração entre as polícias não deveria estar sob coordenação exclusiva da Polícia Federal, como ocorre na Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco), pois esses grupos não incluem os Ministérios Públicos nem a Receita Federal.
Ele afirmou que a criação de uma Autoridade Nacional Antimáfia teria como finalidade promover esse diálogo e integração de forma mais ampla e autônoma.
“Na minha visão, seria um órgão independente, ligado ao Ministério da Justiça e com autonomia. Um líder nomeado pelo presidente da República, sabatinado pelo Senado, com mandato fixo, distinto do mandato presidencial. Não se trata de formar uma nova polícia nem enfraquecer as já existentes, principalmente a Polícia Federal. Todas as polícias participariam dessa autoridade”, explicou.

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