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Rompimento entre Motta e Lindbergh tem como pano de fundo fuga de Ramagem aos EUA

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A discordância entre o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), revelada de forma clara recentemente, decorre de uma série de conflitos, cujo contexto principal foi a ida de Alexandre Ramagem (PL-RJ) para os Estados Unidos. Condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo da trama golpista, Ramagem passou a ser considerado foragido após a viagem.

Nos bastidores, o deputado Lindbergh acusava o presidente da Câmara de ser conivente com a fuga, uma vez que Ramagem apresentou atestados médicos para se ausentar das sessões parlamentares.

O primeiro indício de tensão ocorreu antes disso, durante a tramitação da PEC da Blindagem. Lindbergh passou a criticar nos bastidores a atitude complacente de Motta com o Centrão, especialmente por não tentar conter um texto que ampliava garantias para parlamentares, contrariando os interesses do governo. Deputados da base afirmam que a expectativa era de uma posição mais firme da presidência da Câmara para frear a proposta, enquanto aliados de Motta defendem que sua responsabilidade é equilibrar os interesses do Parlamento, mesmo que isso desagrade parte da coalizão governista. A partir desse episódio, Lindbergh sugeriu que Motta se distanciava das prioridades nacionais.

Paralelamente, o parlamentar petista acumulava queixas sobre a lentidão da presidência da Câmara em relação a casos de parlamentares alinhados à ala bolsonarista. Segundo Lindbergh, deputados como Eduardo Bolsonaro (PL-RJ) e Carla Zambelli (PL-SP) deveriam ter sido punidos pelos processos no Conselho de Ética, mas a paralisação desses processos se daria para evitar desgastes políticos com o PL. Por sua vez, a equipe de Motta afirma que sua atuação não influencia no ritmo do processo, que segue o regimento interno da Casa.

O desconforto aumentou durante a votação sobre a medida provisória alternativa ao aumento do IOF. Enquanto o governo trabalhava para aprovação da proposta financeira, a Câmara retirou o tema da pauta no dia da caducidade, resultando em derrota da medida. A condução da situação foi interpretada como falta de empenho de Motta para assegurar uma pauta considerada estratégica. Para os petistas, o presidente da Câmara estaria adotando uma postura ambígua para evitar conflitos com bancadas resistentes.

O conflito se intensificou com a nomeação de Guilherme Derrite (PP-SP) como relator do projeto de lei do Antifacção. A bancada do PT tentou, discretamente, sugerir um nome mais neutro para a relatoria, mas Motta manteve a escolha, o que foi visto como uma provocação.

Internamente, percebeu-se que o presidente da Câmara buscava aparentar neutralidade após semanas de tensão com o governo. Para o PT, isso marcou um ponto de virada. Lindbergh passou a reclamar que Motta tentava agradar a todos, deixando o governo vulnerável. Em reunião de líderes marcada por interrupções e discursos acalorados, o distanciamento entre os dois se consolida.

O estopim foi o caso de Ramagem. A descoberta de sua viagem aos Estados Unidos, apesar de proibida pela Justiça, e sua participação remota nas votações a partir de atestado médico, levantaram questionamentos sobre possíveis falhas de controle da Mesa Diretora. Lindbergh acionou o STF, demandou esclarecimentos e passou a suspeitar de conivência da presidência da Câmara com um aliado bolsonarista. Integrantes do PT passaram a citar Motta como “cúmplice de Ramagem”, expressão que também circula em redes sociais de apoiadores.

Irritado com as acusações, Motta sinalizou que não pretende retomar diálogo direto com Lindbergh. De sua parte, o parlamentar petista afirma que a divergência é política, não pessoal, e que a bancada do PT compartilha dessas preocupações.

Apesar de manter diálogo com o governo, Motta fechou as portas para o petista. Lindbergh observa uma aproximação crescente do presidente da Câmara com o PL e não pensa em recuar dessa análise.

Especialistas consideram improvável a reconciliação desse desentendimento, que acontece em momento delicado para o governo, que tenta impedir a aprovação de pautas da oposição relacionadas à anistia dos condenados e investigados pelos atos de 8 de janeiro. O PL tem pressionado para votação de projeto que reduz penas e busca anistia total em plenário.

O Planalto é contrário a essas propostas e orienta seus aliados a não permitir a pauta nas próximas semanas, focando principalmente na aprovação do orçamento para 2026.

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