Economia
Juros devem parar de subir, diz diretor do BC
Nilton David, diretor de Política Monetária do Banco Central, afirmou nesta terça-feira, 25, que não está previsto um novo aumento na taxa Selic. “O ciclo de alta dos juros está interrompido, e o foco agora é identificar o momento para iniciar a redução dos juros”, explicou durante o evento Brasil Treasury Summit em São Paulo.
O diretor ressaltou que, devido ao elevado grau de incerteza, o Banco Central mantém uma postura atenta aos dados econômicos para confirmar as expectativas planejadas. Ele também destacou a importância do Comitê de Política Monetária (Copom) em evitar mensagens confusas para o público.
“Estamos concentrados em aprimorar a clareza da comunicação nas reuniões do Copom”, disse Nilton David, acrescentando que todas as alterações na comunicação têm um objetivo claro.
Sobre a meta de inflação, o diretor enfatizou que a melhor estratégia para controlar as expectativas em relação ao aumento da dívida pública é concentrar esforços para alcançar a meta inflacionária. “Embora as projeções indiquem que estamos caminhando para o centro da meta, ainda não a alcançamos completamente”, afirmou.
Para que a inflação se estabilize de forma sustentável, é necessário que a atividade econômica cresça dentro do seu potencial real. “Nosso objetivo não é reduzir o PIB, mas sim promover seu crescimento consistente no potencial máximo”, destacou.
Em relação às tarifas aplicadas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, Nilton David reconheceu a complexidade da situação, mesmo com a retirada recente de sobretaxas por parte do governo americano. “O que ocorre com essas tarifas é quase um experimento econômico”, comentou.
Ele reconheceu que existem dúvidas sobre os impactos das tarifas, com opiniões divergentes sobre se os efeitos já passaram ou ainda persistem. “Há muita incerteza no momento”, ressaltou.
No entanto, indicou sinais de melhora, mencionando um arrefecimento na situação tarifária. As flutuações cambiais também continuam sendo um desafio para o Banco Central. Mesmo com uma redução no grau de incerteza externa em relação ao início do ano, o cenário ainda exige vigilância constante. “O Banco Central permanece atento e não deve relaxar”, afirmou.
Nilton David avaliou ainda a relação do Brasil com os Estados Unidos frente às medidas protecionistas. Apesar das dificuldades enfrentadas, a percepção atual é de que os efeitos foram menos severos do que o inicialmente previsto. “Não houve interrupção nas relações comerciais com os EUA”, disse o diretor, que também notou uma mudança de perspectiva com maior disposição para reduzir a dependência econômica americana.
Por fim, ele corrigiu um rumo para a postura da Europa diante das políticas de Donald Trump, considerando o presidente americano como pragmático em vez de dogmático. “A disposição europeia para dialogar com outros países aumentou significativamente”, concluiu.

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