Economia
Governo estuda acordos de Trump para definir estratégia contra tarifas dos EUA
O diretor do Departamento de Política Comercial do Ministério das Relações Exteriores, Fernando Pimentel, afirmou nesta terça-feira que o Brasil está em uma posição única nas negociações com os Estados Unidos sobre tarifas e possíveis acordos comerciais.
Pimentel explicou que, como não existe uma solicitação específica dos EUA, o Brasil precisa analisar todos os acordos já firmados por Washington, identificar quais itens são aplicáveis ao país e avaliar o que pode ser útil para uma negociação mais ampla.
Diferente de várias nações asiáticas que fecharam entendimentos com os EUA, o Brasil não corresponde ao perfil que orientou o governo do ex-presidente Donald Trump a implementar medidas tarifárias para reduzir déficits bilaterais.
Ele destacou que a maioria dos países asiáticos que firmaram acordos enfrentam grandes déficits comerciais, o que os coloca no foco da estratégia do presidente Trump. Já o Brasil é um dos poucos países relevantes que também tem déficit significativo com os EUA, o que coloca o país fora do foco principal aplicado à Ásia.
Pimentel citou que apenas dois países com superávits em relação aos EUA negociaram acordos recentemente: o Reino Unido, com um modelo bastante distinto, e a Argentina, com um acordo inicial, ainda sem muitos detalhes e em condições especiais, com suporte financeiro e um conjunto de ações específicas.
O diretor também ressaltou que é importante que o Brasil se aproxime das condições alcançadas por países que possuem superávit com os americanos, considerando que os interesses dos EUA variam de acordo com cada parceiro.
“Quanto mais perto chegarmos dos países com que os EUA têm superávit, melhor. Essa é a lógica econômica, e o Brasil já está inserido nesse grupo. Contudo, há grande diversidade de interesses americanos. Em alguns lugares, o foco é investimento, e em outros, regulação normativa”, explicou Pimentel.
Ele sugeriu que o Brasil elabore um levantamento completo das oportunidades e ativos que possui, valorize seu superávit em serviços e bens, e seus investimentos, além de identificar os interesses do governo americano que também atendam aos interesses brasileiros para retomar o diálogo.
Pimentel também abordou o processo do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC), onde o país contestou as tarifas americanas. Argumentou que mesmo com dificuldades, a OMC ainda pode ser uma via para diálogo.
“Não faz sentido a imposição dessas tarifas contra o Brasil. Estamos sustentados pelas regras comerciais. É satisfatório mostrar que o Brasil agiu corretamente”, finalizou.

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