Economia
TGI revela esgotamento do modelo econômico de Pernambuco e propõe novo rumo
Francisco Cunha, consultor e sócio da TGI, destacou que o modelo de desenvolvimento econômico de Pernambuco, criado nos anos 1950 e baseado na indústria e no porto de Suape, já não atende aos desafios atuais, especialmente diante das mudanças climáticas e da expansão do semiárido.
Durante a 27ª Agenda TGI | Painel 2026, realizada no Teatro RioMar, no Recife, Cunha afirmou que as pesquisas da TGI, realizadas ao longo de quase 40 anos, indicam que o modelo idealizado pelo padre e economista Louis-Joseph Lebret cumpriu sua função histórica, mas está esgotado em um momento crítico para o meio ambiente.
Segundo ele, Pernambuco tem 90% do seu território no semiárido mais populoso do mundo, que tem se expandido devido à redução das chuvas. Um exemplo disso é o surgimento de mandacarus em regiões onde antes não existiam, como na Mata Norte.
Cunha ressaltou a necessidade de redesenhar o modelo econômico do estado incorporando a inteligência artificial, a digitalização e as transformações ocasionadas pelas mudanças climáticas. Este projeto está em desenvolvimento em parceria com a revista Algo Mais e será apresentado ao poder público no próximo ano.
Perspectiva para Recife
Cunha mostrou-se otimista quanto ao planejamento de longo prazo na cidade do Recife. Ele citou iniciativas recentes, como o Plano Recife 500 Anos e projetos urbanos diversos, que buscam transformar a cidade em uma “cidade-parque”, preparada para enfrentar eventos climáticos extremos como enchentes e elevação do nível do mar.
Destacou ainda que o planejamento urbano deve considerar a lógica das bacias hidrográficas em vez do sistema rodoviário tradicional, adotado desde os anos 1940.
Cenário Nacional
Em relação ao Brasil, Francisco Cunha mencionou que a economia mostra sinais positivos de emprego e crescimento, porém ainda enfrentando problemas estruturais, como a crise fiscal. Ele chamou atenção para dois desafios principais: o envelhecimento da população antes do enriquecimento do país, impactando previdência e saúde, e o crescimento das facções criminosas profissionalizadas, que operam em várias regiões do país.
Contexto Internacional e Mudanças Climáticas
No cenário global, Cunha descreveu o avanço do mundo híbrido, marcado pela combinação da conexão digital e isolamento social, criando uma realidade fragmentada entre as pessoas.
Ele também mencionou tensões geopolíticas, como a disputa entre Estados Unidos e China, além do agravamento das mudanças climáticas, destacando que o Recife é particularmente vulnerável à elevação do nível do mar, que já provoca alagamentos mesmo em marés altas.
Cunha ressaltou que a crise ambiental é uma questão complexa, pois envolve a negociação entre 195 países, muitos deles com interesses divergentes, o que dificulta a implementação de soluções rápidas diante da urgência das mudanças climáticas.

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