Economia
Crédito avança em outubro apesar de juros altos e endividamento das famílias
O crédito no Brasil manteve o crescimento em outubro, entretanto, as taxas de juros permaneceram elevadas e a inadimplência continuou a pressionar o mercado, conforme divulgado nesta quarta-feira pelo Banco Central.
O crédito ampliado para o setor não financeiro—abrangendo dívidas de empresas e famílias, como financiamentos, títulos e outras operações—atingiu R$ 20,1 trilhões em outubro, o que corresponde a 160% do Produto Interno Bruto (PIB). Houve crescimento de 1,3% no mês e quase 12% nos últimos 12 meses.
Para as empresas, o crédito ampliado chegou a R$ 6,8 trilhões, principalmente impulsionado pelo aumento na emissão de títulos privados. Já o crédito para as famílias somou R$ 4,7 trilhões, aumentado principalmente por empréstimos tradicionais do sistema financeiro.
Estoque de empréstimos bancários alcançou R$ 6,9 trilhões, com alta mensal de 0,9%. O crédito concedido a empresas cresceu moderadamente (0,3%), enquanto o volume destinado às famílias avançou 1,3%, refletindo maior demanda em modalidades como cartão de crédito, crédito consignado e financiamento de veículos.
Nas operações de crédito com recursos livres, os bancos ajustam livremente as condições dos empréstimos. Para as empresas, houve redução de 0,6%, principalmente em capital de giro e descontos de duplicatas. Já para as famílias, houve aumento de 1,6%, com elevação em praticamente todas as modalidades.
O crédito direcionado, que abrange financiamentos imobiliários e outras operações específicas, cresceu 1,7% para as empresas e 0,8% para as famílias, totalizando R$ 3 trilhões.
Apesar da maior oferta de crédito, os custos para tomar empréstimos aumentaram. A taxa média de juros anual subiu para 31,9%, com as operações de recursos livres chegando a 46,3%. Para as famílias, o custo é ainda maior, alcançando 58,7% ao ano.
O spread bancário, que representa a diferença entre o custo dos recursos para os bancos e o que é cobrado dos clientes, aumentou para 20,8 pontos percentuais, influenciado pelo uso frequente de linhas de crédito mais caras como o rotativo do cartão e cheque especial.
A inadimplência também apresentou alta. O percentual de atrasos superiores a 90 dias chegou a 4% da carteira total, ligeiramente acima dos 3,9% de setembro e 0,8 ponto percentual acima do ano anterior. Entre as famílias, o atraso nas operações de crédito livre manteve-se em 6,7%, aumento de 1,3 ponto em 12 meses.
Os dados indicam que o orçamento das famílias segue pressionado. Em setembro, o endividamento familiar atingiu 49,1% da renda, levemente superior aos 49% de agosto e 1,1 ponto percentual acima do ano anterior. O comprometimento mensal da renda alcançou 28,8%, avançando 0,2 ponto em relação ao mês anterior e 1,6 ponto na comparação anual, atingindo o maior nível desde o início da série histórica.
Na área monetária, a base monetária — que inclui a quantidade de dinheiro em circulação e reservas bancárias — cresceu 0,5% em outubro. Por outro lado, a poupança registrou saída líquida de R$ 9,7 bilhões.

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