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Hong Kong busca desaparecidos após incêndio com 75 mortos
Os bombeiros em Hong Kong estão à procura de mais de 200 pessoas que desapareceram após um grande incêndio que destruiu um conjunto de edifícios residenciais e resultou em pelo menos 75 mortes, configurando o pior desastre da cidade em muitos anos.
O fogo teve início na tarde de quarta-feira (26) em um complexo de oito torres com 2.000 apartamentos. O acidente deixou a população da cidade, que é uma região semi-autônoma da China e possui algumas das áreas residenciais mais densamente povoadas do planeta, em estado de choque.
As chamas começaram nos tradicionais andaimes de bambu usados nas reformas dos prédios de 31 andares do Wang Fuk Court, localizado no distrito de Tai Po, zona norte da cidade.
Na tarde de quinta-feira (27), o fogo ainda podia ser visto em algumas janelas, enquanto equipes de resgate utilizavam mangueiras para esfriar as fachadas queimadas.
Até as 22h locais (11h em Brasília), as autoridades confirmaram 75 mortos e 76 feridos, entre eles 11 bombeiros.
Quatro das oito torres tiveram seus incêndios controlados e as chamas em outros três prédios estavam sob controle. Apenas um arranha-céu não foi afetado.
Populares se juntaram nas ruas próximas para organizar ajuda às vítimas e aos socorristas.
Stone Ngai, 38 anos, um dos voluntários que criou um ponto de apoio, comentou: “É realmente emocionante. A solidariedade dos moradores de Hong Kong é que, quando alguém está em dificuldade, todos se unem para ajudar”.
Uma investigação foi aberta pelas autoridades para identificar as causas do incêndio, considerando a presença dos inflamáveis andaimes de bambu e as redes plásticas de proteção usadas nas obras.
A agência anticorrupção da cidade iniciou um inquérito sobre as reformas, e a polícia prendeu três homens suspeitos de negligência por deixarem materiais inflamáveis no local.
John Lee, chefe do Executivo de Hong Kong, garantiu que todas as obras importantes da cidade serão inspecionadas com urgência para evitar novas tragédias.
Moradores relataram que não ouviram alarmes de incêndio e alertaram os vizinhos indo de porta em porta.
“Tocar campainha, bater nas portas, avisar que deviam sair… Foi assim que aconteceu”, disse um morador identificado como Suen.
O fogo se espalhou muito rápido”, adicionou.
Wong Sik-kam, que teve o filho bombeiro combatendo as chamas no local onde morava há 40 anos, contou que o filho ligou para avisar do incêndio.
O fogo começou pequeno, mas rapidamente tomou conta do complexo inteiro, conforme relatou.
Durante a madrugada, o Executivo informou que 279 pessoas estavam desaparecidas, mas equipe de bombeiros comunicou que já havia localizado algumas delas.
O consulado da Indonésia confirmou que duas das vítimas eram cidadãs daquele país, que trabalhavam como empregadas domésticas.
Derek Armstrong Chan, vice-diretor dos bombeiros, explicou que a temperatura no local era muito alta e que, apesar das dificuldades em alcançar todos os andares, a equipe continua seus esforços para salvar pessoas presas.
As autoridades chinesas expressaram condolências às famílias e pediram empenho total para controlar o incêndio e minimizar perdas.
Mais tarde, moradores das áreas vizinhas que haviam deixado seus apartamentos por precaução puderam retornar para suas casas.
Incêndios graves foram frequentes no passado em áreas densamente povoadas de Hong Kong, especialmente nos bairros menos favorecidos. No entanto, nas últimas décadas, as normas de segurança têm sido reforçadas, tornando esses episódios muito menos comuns.

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