Notícias Recentes
Otoni de Paula se arrepende de chamar Bolsonaro de mito
Em um gesto de distanciamento do bolsonarismo, o deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ) confessou que hoje lamenta ter exaltado o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como um “mito”. Ele declarou que prefere seguir seu próprio caminho do que estar mal acompanhado.
Durante um discurso na Câmara dos Deputados, onde também atua como pastor da Assembleia de Deus Missão, Otoni de Paula expressou o desejo de não ser mais rotulado como um “extremista”. A fala ocorreu no dia após a confirmação final da condenação de Bolsonaro e outros integrantes da principal linha da conspiração golpista.
“Me arrependo por ter exaltado um mito num ambiente onde o respeito deveria ser somente ao Senhor. A responsabilidade não foi de Bolsonaro, mas minha. Por isso, quis alertar meus companheiros que ainda estão presos a essa ilusão”, afirmou. “Sinto vergonha de mim mesmo, porque meu comportamento não condizia com meu papel de pastor. Mais parecia um fanático que acreditava que tudo se resolve com violência.”
Durante o mandato presidencial de Bolsonaro, Otoni chegou a ser vice-líder do governo na Câmara dos Deputados. Entretanto, nos últimos tempos, ele tem se afastado do bolsonarismo e se aproximado do governo do presidente Lula (PT). Em uma demonstração disso, no ano anterior, ele agradeceu publicamente e elogiou o petista pela instituição do Dia Nacional da Música Gospel. Na época, sua posição foi vista por alguns líderes evangélicos como uma traição.
Esse distanciamento se acentuou depois que Otoni apoiou a reeleição do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), em vez de apoiar o candidato bolsonarista na eleição municipal, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). Em fevereiro deste ano, ele perdeu a presidência da Frente Parlamentar Evangélica para o deputado Gilberto Nascimento (PSD-SP), que contou com o respaldo de Bolsonaro e seus aliados.
Mais recentemente, Otoni se posicionou a favor do governo na indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para o Supremo Tribunal Federal, substituindo o ministro aposentado Luís Roberto Barroso. Ele também criticou a grande operação policial contra o Comando Vermelho, que resultou em 122 mortes, realizada pelo governador Cláudio Castro (PL-RJ).
Em seu discurso na Câmara, Otoni refletiu sobre suas atitudes passadas: “Ao invés de apoiar a Justiça, preguei a condenação violenta dos criminosos. Em vez de combater o racismo, neguei sua existência em nosso país. Ao invés de lutar pela igualdade, defendi uma meritocracia que ignora as desigualdades sociais. Quis dizer que filhos de famílias pobres podem competir em igualdade com os ricos, o que não é a realidade.”

Você precisa estar logado para postar um comentário Login