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Tragédia em Hong Kong: incêndio deixa mais de 90 mortos
O número de vítimas fatais no incêndio mais grave em Hong Kong nas últimas décadas subiu para 94 nesta sexta-feira (28). Os bombeiros conseguiram controlar quase completamente as chamas e continuavam a buscar desaparecidos nos edifícios queimados.
Durante a madrugada, as autoridades da região semiautônoma chinesa informaram que o fogo estava controlado em quatro das oito torres do complexo residencial afetado, que conta com cerca de 2 mil apartamentos.
O incêndio teve início na tarde de quarta-feira, em andaimes de bambu ao redor dos prédios de 31 andares no complexo Wang Fuk Court, localizado no distrito de Tai Po. Setenta e seis pessoas ficaram feridas, incluindo 11 bombeiros, informou um porta-voz local. O número de desaparecidos ainda não foi divulgado.
A AFP notou uma redução significativa do fogo nesta sexta-feira, apesar de esporádicas fagulhas e fumaça densa saindo da estrutura, que permanecia sendo resfriada para evitar reignição.
As autoridades investigam as causas do pior incêndio em quase 80 anos na região financeira asiática, incluindo a presença de andaimes inflamáveis de bambu e coberturas plásticas comuns em obras de reforma. A polícia deteve três homens suspeitos de negligência por deixarem invólucros de espuma no local.
Moradores do Wang Fuk Court relataram à AFP que não ouviram alarmes e precisaram alertar os vizinhos batendo de porta em porta sobre o perigo.
“O fogo se espalhou muito rápido. Vi uma mangueira tentando salvar vários prédios, e a velocidade parecia lenta”, disse um homem chamado Suen.
Perdas e sofrimento
Dentre as 94 mortes confirmadas, estão um bombeiro de 37 anos e duas empregadas domésticas imigrantes da Indonésia.
O número de vítimas pode crescer, já que o chefe do Executivo, John Lee, disse que 279 pessoas estavam desaparecidas – número que foi parcialmente atualizado após contatos dos bombeiros com algumas delas.
Doze sobreviventes seguem em estado crítico, com outros 28 em condição grave nos hospitais.
Em um centro comunitário próximo, a polícia mostrou fotos dos corpos resgatados para identificação das vítimas. Cheung, que buscava familiares, disse: “Não consigo descrever o que sinto. Havia crianças”.
John Lee anunciou que serão inspecionadas todas as obras de grande porte na região. Eric Chan, segundo funcionário regional, enfatizou a necessidade urgente de substituir os andaimes de bambu por estruturas metálicas.
Também foi criado um fundo de US$ 38,5 milhões (cerca de R$ 206 milhões) para suporte às vítimas. As atividades das eleições legislativas marcadas para 7 de dezembro foram suspensas.
Solidariedade e reflexão
Alguns moradores dos prédios vizinhos previamente evacuados puderam retornar na quinta-feira à tarde. Multidões sensibilizadas se reuniram para organizar ajuda às vítimas.
Stone Ngai, um dos organizadores de um posto de apoio, declarou: “É emocionante. O espírito dos moradores de Hong Kong é de que, quando alguém enfrenta uma dificuldade, todos oferecem ajuda”.
Incêndios graves foram historicamente uma calamidade frequente nos bairros mais populosos e pobres de Hong Kong. No entanto, devido ao fortalecimento das normas de segurança ao longo dos anos, esses eventos se tornaram mais raros.


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