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Chefe do gabinete de Zelensky é investigado por corrupção
Investigadores anticorrupção da Ucrânia realizaram uma busca na casa de Andriy Yermak, influente chefe do gabinete do presidente Volodimir Zelensky, nesta sexta-feira (28). A investigação acontece enquanto Kiev negocia intensamente com os Estados Unidos um plano para encerrar o conflito com a Rússia.
O presidente ucraniano enfrenta desgaste devido a este tema, que surge apenas duas semanas depois da divulgação de um escândalo de corrupção no setor energético.
Yermak, com 54 anos, é líder da delegação ucraniana nos diálogos com Washington e um dos principais integrantes da equipe presidencial.
A Agência Anticorrupção da Ucrânia (NABU) e a Procuradoria Especializada Anticorrupção (SAP) confirmaram a ação, que tem como foco a residência do chefe da administração presidencial, sem revelar mais detalhes.
Yermak, que ocupa o cargo desde 2020, antes da invasão russa, confirmou a investigação esclarecendo que os agentes têm acesso completo ao seu apartamento.
O presidente Zelensky ainda não se pronunciou sobre o ocorrido.
A investigação está ligada a um grave escândalo de corrupção que levou, no início de novembro, a prisões e substituição de ministros.
A NABU revelou um esquema fraudulento associado a um aliado do presidente, que teria desviado 100 milhões de dólares no setor energético.
Impondo sanções contra o suposto organizador do esquema, Zelensky acusa Timur Mindich, seu antigo sócio próximo, de envolvimento no escândalo.
Parlamentares da oposição dizem que o chefe de gabinete aparece em gravações onde supostamente ordena pressões contra as agências anticorrupção, sendo referido pelo apelido “Ali Baba”.
Yermak, antes produtor de cinema e jurista especializado em propriedade intelectual, trabalhou com Zelensky nos anos em que este era um popular comediante.
Hoje, é considerado a segunda pessoa mais poderosa do país, logo após o presidente.
Desde a invasão russa, liderou múltiplas rodadas de negociações com os Estados Unidos, inclusive recentemente em Genebra.
Especialistas avaliam que este episódio diminui a força da Ucrânia nas negociações com os americanos, já prejudicadas por avanços russos no campo de batalha, e que Moscou poderá usar o escândalo para pressionar Washington a fechar um acordo que deixe Kiev de fora.
A influência de Yermak sobre Zelensky tem causado suspeitas até dentro do círculo do presidente.
Críticos afirmam que o chefe do gabinete exerce poder excessivo, efetivamente dominando a política externa e restringindo o acesso ao presidente.
É como se Yermak tivesse um controle quase hipnótico sobre Zelensky: segundo fontes do partido presidencial, ele afastou o Ministério das Relações Exteriores das negociações com os Estados Unidos.
O chefe do gabinete presidencial mantém o acesso ao presidente restrito a pessoas fiéis e tenta influenciar quase todas as decisões do governo, conforme relatos de ex-funcionários que trabalhos próximos ao mandatário.


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