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Apesar do repasse, rodoviários mantêm greve
Depois do caos na cidade pela paralisação dos rodoviários, na semana passada, e da farra dos transportes piratas, que chegam a cobrar o dobro das passagens dos coletivos, o Governo do Distrito Federal (GDF) anunciou para a manhã de hoje o pagamento de parte da dívida com os empresários. Mas, sem a garantia de que o dinheiro entrará nas contas antes da hora do almoço, os rodoviários de três empresas e de duas cooperativas do DF garantem que permanecerão de braços cruzados até que o salário deste mês e a primeira parcela do 13º sejam, de fato, pagos. A previsão é que a manhã de hoje comece sem transporte para os brasilienses.
O diretor do Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans), Jair Tedeschi, garantiu que o GDF conseguiu R$ 35 milhões para quitar parte da dívida com os empresários, que totaliza R$ 75 milhões, segundo ele. Tedeschi explicou que R$ 28 milhões serão depositados no começo do expediente bancário de hoje, e outros R$ 7 milhões na terça-feira. O valor, segundo o diretor, é para liquidar dívidas com passagens de estudantes e de pessoas com deficiência.
“Estávamos com três semanas atrasadas e, agora, vamos colocar em dia. É dinheiro do Tesouro do DF e conseguimos no sábado, mas não fizemos o pagamento porque só tem expediente bancário amanhã (hoje). Os outros R$ 40 milhões de dívidas são de passagens diárias e ainda não há prazo para serem pagos”, ressaltou o diretor. “Insistimos com os rodoviários que eles terão o pagamento regularizado na segunda-feira (hoje). É importante que eles voltem a trabalhar logo cedo”, complementou Tedeschi.
Diretor do Sindicato dos Rodoviários, Diógenes Nery afirmou que a categoria permanecerá de braços cruzados até ter o dinheiro depositado. “A gente já cansou de tanto esperar. Os trabalhadores ficarão de prontidão amanhã (hoje), mas só voltam a rodar com o salário na conta. É uma decisão da categoria. Chega o fim do ano e o trabalhador sem dinheiro no bolso. Assim, fica complicado”, reclamou.
Segundo o diretor, trabalhadores das empresas Piracicabana, Marechal e Urbi ainda não receberam o salário deste mês. Já os empregados das cooperativas MCS e Alternativa cruzaram os braços para reivindicar o pagamento da primeira parcela do 13º e do salário de dezembro. As empresas são responsáveis pela circulação em 17 regiões administrativas. A paralisação afeta cerca de 700 mil usuários do transporte.
Apesar da apreensão dos profissionais, a Secretaria de Administração Pública garantiu, por meio de nota, que “as operações para transferência dos recursos necessários para a efetivação do crédito referente à folha de pagamento das respectivas áreas somente foram finalizadas no início da noite de sexta-feira”. O documento, assinado pelo secretário da pasta, Wilmar Lacerda, garante que, até terça-feira, o pagamento estará disponível para os servidores.
Enquanto não há acordo entre governo, empresários e trabalhadores, quem sofre é a população, que depende dos transportes piratas para sair e chegar em casa. Com a falta de ônibus, os veículos irregulares até param nas baias dos coletivos. O jardineiro e piscineiro Sivaldo Porto, 36 anos, tentou sair de casa no Paranoá, no sábado, mas não conseguiu transporte. Ontem, ele optou pelos piratas para resolver problemas pessoais. “Isso está muito ruim. Gastei o dia todo para resolver uma questão que poderia levar três horas”, reclamou.
Maria de Jesus, 25 anos, também está insatisfeita com a falta de ônibus e sente-se insegura em ter de andar com os três filhos e o marido no transporte pirata. “É um absurdo. Além de pagar impostos e passagem, temos que pagar mais caro no pirata.” Maria trabalha com serviços gerais e só consegue chegar ao trabalho porque a empresa fornece transporte aos funcionários.
O atraso em salários também pode fazer com que outras duas categorias cruzem os braços nesta semana. Servidores das áreas de saúde e de educação do DF reclamam da falta de pagamento, que deveria ter sido feito na sexta-feira passada. Hoje, às 10h, professores devem se reunir em frente ao Palácio do Buriti para pressionar o pagamento. O encontro dos servidores da saúde está marcado para terça-feira.
Fonte: Correio Web
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