Economia
Rio recebe 1ª Cúpula Popular do Brics para discutir o Sul Global
Iniciou-se nesta segunda-feira (1º) no Armazém da Utopia, localizado no centro do Rio de Janeiro, a primeira Cúpula Popular do Brics, um encontro criado para integrar movimentos sociais ao grupo formado por 11 países emergentes. O objetivo principal é fortalecer a participação da sociedade civil na formulação de propostas voltadas para a colaboração no Sul Global.
Durante o evento, serão abordados temas como a cooperação econômica e o multilateralismo, a formação de uma multipolaridade, a nova configuração da geopolítica mundial, os desafios da governança global, o papel do Brics e a diminuição da dependência dos países emergentes em relação ao dólar americano nas transações internacionais e na formação de reservas financeiras.
O Conselho Civil Popular do Brics foi instituído em 2024 durante a Cúpula do Brics realizada em Kazan, na Rússia, com a finalidade de promover o diálogo entre representantes da sociedade civil e os governos dos países do bloco.
“O conselho representa um passo importante para consolidar a participação da sociedade organizada nas discussões do grupo e tem como objetivo dar voz aos movimentos populares, estudantes, professores e ONGs nas pautas estratégicas do bloco”, explica a organização.
Este é o último grande evento do Brics com o Brasil à frente da presidência do grupo antes da Índia assumir essa posição no próximo ano.
Em vídeo transmitido na abertura do encontro, a ex-presidenta do Brasil e presidente do Novo Banco de Desenvolvimento do Brics, Dilma Rousseff, destacou que a primeira cúpula oficializa a voz da sociedade civil na construção da cooperação do Sul Global.
“Pela primeira vez, os povos dos países do Brics possuem um canal constante de comunicação com os governos e as instâncias decisórias do grupo”, afirmou Dilma Rousseff.
João Pedro Stedile, integrante da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e do Conselho Civil dos Brics no Brasil, comentou que a cúpula vai formalizar o conselho para definir seu funcionamento permanente, entregando um modus operandi para o novo mandato da Índia no próximo ano.
“Os governos sabem que, sem mobilização da sociedade civil, algumas questões não serão resolvidas, como a proteção do meio ambiente e a construção de moradia popular. Analisaremos temas da geopolítica mundial, mas também focaremos em assuntos nos quais a sociedade civil pode colaborar”, afirmou Stedile.
Os países membros do bloco são líderes na produção de grãos, carnes, fertilizantes e fibras, representando aproximadamente 70% da produção agrícola mundial. Além disso, abrigam mais da metade da agricultura familiar global, responsável por cerca de 80% do valor total da produção de alimentos no mundo. Essa posição estratégica confere ao bloco uma responsabilidade ainda maior na criação de sistemas alimentares sustentáveis e justos, pautas que o Conselho Popular do Brics busca incluir nas discussões.


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