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Segundo sindicato, servidores da saúde só voltam a trabalhar com salário
Os funcionários da saúde do Distrito Federal só voltarão ao trabalho nesta quarta-feira (10) após a confirmação de que os salários atrasados apareceram nas contas, informou o sindicato que representa a categoria (Sindsaúde). O GDF informou que o pagamento estará disponível na manhã desta quarta. Até lá, serão realizados apenas procedimentos emergenciais, diz o sindicato.
Servidores públicos do DF encerraram uma manifestação de oito horas na tarde desta terça-feira (9) após receber do governo a de pagamento dos salários de novembro, que estão atrasados desde a última sexta (5).
O secretário de Administração Pública, Wilmar Lacerda, entregou a representantes da categoria cópias de documentos que comprovam o depósito. O dinheiro, segundo o governo, deve cair nas contas dos servidores na madrugada desta quarta (10).
Mais cedo nesta terça, a Secretaria de Saúde disse em nota que o governo tem feito todos os esforços para efetivar o crédito e que, segundo uma portaria que define o calendário de pagamentos, há “atraso de apenas um dia”.
A presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, disse que a greve pode continuar caso o governo não cumpra o pagamento dos aposentados e despesas em atraso, como horas extras e férias. “O fato de o GDF pagar nosso salário não encerra as negociações. Talvez a gente até volte ao trabalho, mas o movimento paredista pode voltar a qualquer momento”, declarou.
Para Marli, o não pagamento aos aposentados da categoria “não pode ser uma constante do governo”. “Não vamos aceitar de forma alguma esse tipo de prática porque está discriminando quem não tem condições de reagir”, disse.
Caso as dívidas do governo com os profissionais de saúde não seja quitada, o sindicato informou que estuda levar à Justiça a questão. Uma assembleia no Hospital de Base está marcada para as 10h nesta quarta para definir os desdobramentos da greve.
Dificuldades financeiras
O governo do Distrito Federal alega que teve uma arrecadação menor do que a esperada e que isso se refletiu no pagamento de servidores e manutenção de serviços. O Executivo afirma que vai fechar as contas e entregar o governo sem dívidas ao próximo gestor, Rodrigo Rollemberg. No primeiro discurso após a eleição, ele havia dito que o rombo era de R$ 2,1 bilhões.
Na saúde, o governo decidiu remanejar R$ 84 milhões de convênios com o governo federal – incluindo o fomento a programas de combate e prevenção a doenças como dengue e Aids, que apresentaram indicadores ruins neste ano – para pagar dívidas com fornecedores e reabastecer a rede pública da capital do país com medicamentos e materiais hospitalares. Um levantamento feito por técnicos estima que o rombo da pasta seja de R$ 150 milhões.
A crise também afetou os serviços de manutenção de gramados, plantio e limpeza de canteiros ornamentais, além da poda de árvores, que foram suspensos por falta de verba. Quatro empresas – Coopercam, EBF, Tria e FCB – eram responsáveis pela atividade, com aproximadamente 500 trabalhadores. Elas também eram responsáveis por fornecer equipamentos e transporte dos funcionários.
A Novacap já havia anunciado a suspensão da segunda fase do “Asfalto Novo”, programa de recapeamento em vias urbanas do Distrito Federal. O motivo apontado também foi falta de dinheiro. A companhia afirmou na ocasião que ainda restavam 2 mil quilômetros de pistas a receberem obras.
Na educação, creches conveniadas com o governo completaram oito dias com as atividades paralisadas. De acordo com o conselho que as representa, 22 unidades estão de portas fechadas por falta de dinheiro. As instituições afirmam que não recebem os repasses do DF há três meses e que estão arcando com os custos para manter as creches em funcionamento com recursos próprios.
O governo diz que que o atraso ocorre por motivos pontuais e que está “adequando o fluxo de caixa para arcar com os compromissos assumidos”. A previsão era de que o pagamento fosse feito até sexta, o que não ocorreu. Não há informações sobre o número de crianças afetadas.
O problema também afetou o transporte público. Motoristas e cobradores de quatro das cincoempresas de ônibus cruzaram os braços entre sexta e segunda por não receberem o 13º salário e outros benefícios. O DFTrans repassou R$ 35 milhões para as viações, para garantir a retomada dos serviços. No período, 700 mil pessoas foram prejudicadas.
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