Ucrânia acusa Rússia de levar crianças a campos de reeducação na Coreia do Norte

A Ucrânia denunciou que a Rússia tem transferido crianças ucranianas capturadas nas áreas controladas pelo exército russo para campos de reeducação localizados na Coreia do Norte.

Dmytro Lubinets, representante ucraniano para os direitos humanos, anunciou em um comunicado novas informações sobre a existência desses centros na Coreia do Norte, onde essas crianças estariam sujeitas a um processo forçado de russificação e doutrinação militar.

Lubinets enfatizou a necessidade urgente de encontrar essas crianças, protegê-las e garantir seu retorno seguro ao lar, ressaltando que elas jamais deveriam ser usadas como instrumentos pelo país invasor.

Em uma audiência recente no Senado dos Estados Unidos, Kateryna Rachevska, líder da ONG ucraniana Regional Center for Human Rights, revelou que sua organização identificou 165 desses campos de reeducação para crianças sequestradas pelas forças russas.

Esses locais estariam distribuídos não apenas nas regiões ocupadas da Ucrânia, mas também na Rússia, Belarus e na Coreia do Norte.

Segundo a ONG, duas crianças originárias da Crimeia — região anexada pela Rússia — e da área controlada por Moscou na região de Donetsk, foram levadas para um campo situado em Songdowon, na Coreia do Norte, a aproximadamente 9.000 km da Ucrânia.

Nesses campos, as crianças recebiam instruções para combater ‘militaristas japoneses’ e conheciam veteranos norte-coreanos envolvidos em ataques históricos, como o ocorrido em 1968 contra o navio ‘Pueblo’ da Marinha dos Estados Unidos, informou Rachevska.

O governo ucraniano acusa a Rússia de sequestrar ao menos 20 mil crianças desde o começo da invasão, em fevereiro de 2022. Até o momento, apenas cerca de 1.850 foram localizadas.

Em 2023, o Tribunal Penal Internacional emitiu um mandado de prisão contra o presidente russo, Vladimir Putin, alegando a deportação ilegal dessas crianças das áreas ocupadas.

Por sua vez, Moscou rejeita essas acusações e afirma que protegeu essas crianças da guerra, adotando medidas para seu retorno às famílias de origem.