Economia
Queda no contrabando de celulares no Brasil, mas faturamento aumenta, diz balanço
A participação de celulares irregulares nas vendas totais de smartphones diminuiu de 19% para 12% em 2025, conforme dados recentes da Associação Brasileira Indústria Elétrica Eletrônica (Abinee).
Mesmo com a redução na quantidade de aparelhos contrabandeados, o faturamento do mercado ilegal cresceu devido ao aumento do preço médio dos celulares, que passou de R$ 2 mil para R$ 2,5 mil. As marcas chinesas Xiaomi e Realme continuam sendo as principais atingidas pelo contrabando.
Para a Abinee, essa melhora é efeito das ações conjuntas entre autoridades como a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a Polícia Federal (PF), a Receita Federal e as secretarias estaduais de Fazenda para combater o comércio ilegal.
Luiz Claudio Carneiro, diretor de Dispositivos Móveis de Comunicação da Abinee, destacou uma resolução da Anatel de agosto que responsabiliza lojas virtuais e marketplaces de forma solidária pela venda de produtos ilegais.
No entanto, o executivo ressalta a persistente resistência de alguns marketplaces contra essas medidas, citando ações judiciais movidas contra a Anatel e Receita que dificultam a remoção rápida de anúncios irregulares. Ele apontou que essas plataformas preferem gastar fortunas em advocacia ao invés de usar inteligência artificial ou equipes específicas para eliminar ofertas ilegais.
O contrabando e o descaminho continuam sendo os maiores problemas, com aparelhos entrando principalmente pelo Paraguai e sendo vendidos em canais online. A Abinee reforça que as marcas afetadas como Xiaomi e Realme não estão envolvidas diretamente no contrabando, mas sofrem as consequências da irregularidade.
Escassez de chips
Em outra frente, a entidade alertou sobre o impacto da crescente demanda por inteligência artificial (IA) nos preços dos semicondutores, que já começaram a subir. Isso pode provocar falta de chips em 2026, afetando vários setores, inclusive o automotivo.
Mauricio Helfer, diretor de Informática da Abinee, explicou que as empresas de semicondutores estão priorizando o fornecimento para data centers e tecnologias de IA, segmentos de valor agregado mais alto, o que pressiona a oferta para outros mercados.
Faturamento em alta
Embora a produção industrial brasileira de eletrônicos tenha caído 1,4%, o faturamento do setor deve fechar o ano em R$ 270,8 bilhões, um crescimento real de 4% em relação a 2024.
Conforme o presidente da Abinee, Humberto Barbato, esse crescimento está ligado à preferência dos consumidores por produtos mais avançados e com tecnologias modernas.
As exportações brasileiras no setor também cresceram 3% em 2025, totalizando US$ 7,9 bilhões, com os Estados Unidos sendo o principal mercado, representando 26% das vendas externas.
Humberto Barbato afirmou que a antecipação dos embarques antes da imposição de tarifas pelo governo americano ajudou no desempenho positivo, mas alertou para possíveis dificuldades se as tarifas permanecerem.


Você precisa estar logado para postar um comentário Login