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Governo cria líder do PCC a partir de morto pela Rota
Carlos Alves Vieira, advogado e empresário de 48 anos, foi morto em 28 de novembro por policiais militares das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota) em Itaquaquecetuba, região metropolitana de São Paulo. A polícia afirmou que ele era uma figura importante do Primeiro Comando da Capital (PCC), conhecido como Ferrugem, tendo morrido em confronto armado. No entanto, fontes do governo de São Paulo informaram ao Metrópoles que não há evidências que comprovem sua ligação como líder do PCC.
O caso foi citado pelo deputado federal Guilherme Derrite em um evento de despedida da Secretaria de Segurança Pública (SSP), onde Derrite afirmou que a polícia matou centenas de líderes do crime organizado durante sua gestão. Ele agora retorna à Câmara dos Deputados para concorrer ao Senado no próximo ano, utilizando estatísticas de mortes pela polícia em sua campanha.
Versão da polícia
Segundo o boletim de ocorrência, policiais da Rota informaram que receberam comunicação sobre Vieira transportando armas e drogas em um Corolla prata. Durante a abordagem, houve troca de tiros com três policiais efetuando nove disparos. Vieira não sobreviveu. Foram apreendidas duas pistolas e dez tabletes de substância semelhante à maconha. Os policiais não usavam câmeras corporais no momento.
Importante destacar que Carlos Alves Vieira não possuía condenações judiciais. O único inquérito por associação ao tráfico foi arquivado por falta de provas.
Contexto e contestação
A família de Vieira classificou a versão policial como mera “narrativa” sem fundamento. A Ouvidoria da Polícia recebeu denúncias que o advogado seria inocente. Vieira havia recentemente conquistado sua carteira da Ordem dos Advogados do Brasil, evidenciado por uma publicação nas redes sociais.
Reportagem do repórter Josmar Jozino (UOL) revelou que o verdadeiro Ferrugem conhecido pelas autoridades penitenciárias é Adilson da Daghia, de 56 anos, condenado pelo assassinato do juiz Antônio José Machado Dias e atualmente foragido.
Informações internas policiais e investigações
Em documentos internos, Vieira foi apontado como um elo importante do PCC na zona leste de São Paulo, atuando em diversas cidades da região. A polícia menciona envolvimento em rotas internacionais para o tráfico e distribuição em grande escala de armas e drogas. Essas informações circulavam em grupos de WhatsApp da corporação.
Uma investigação iniciada em 2022 relacionava Vieira a tráfico de drogas, porém não apresentou provas suficientes para continuidade do caso, que foi arquivado.
Vieira teria histórico de passagem por furto em 2009, e em 2011 prestou depoimento como testemunha em caso envolvendo drogas. Em 2017, foi acusado de ameaças e cobrança de dívida, mas sem comprovação de ilícito pela polícia.
Posicionamento da Secretaria de Segurança Pública
Questionada sobre a associação de Vieira ao PCC, a SSP afirmou que o Setor de Inteligência da Polícia Militar confirmou seu suposto envolvimento com a facção, baseando-se em indícios levantados durante investigações em 2022.
A SSP reforça que todas as operações são planejadas rigorosamente conforme a legislação vigente e que o caso está sendo investigado por um Inquérito Policial Militar, incluindo análise das imagens de câmeras corporais, que serão compartilhadas com a Polícia Civil.
Reação da família e legado
Familiares defenderam Carlos Alves Vieira, contestando as informações oficiais. Descreveram-no como alguém dedicado à comunidade, respeitado como advogado, empresário e pai, e lamentaram profundamente sua morte.
Registros da Junta Comercial indicam Vieira como sócio de empresa no ramo de motocicletas em Itaquaquecetuba, e ele constava como inscrito na OAB da subseção de Arujá desde junho.


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