Governo espanhol investiga possível origem laboratorial de surto de peste suína africana

O governo da Espanha informou nesta sexta-feira (5) que não descarta a hipótese de que o surto de peste suína africana, identificado em javalis próximos a Barcelona e o primeiro registrado no país desde 1994, possa ter começado devido a um vazamento em um laboratório.

A peste suína africana (PSA) é uma doença viral hemorrágica que não afeta humanos, mas tem quase 100% de taxa de mortalidade em porcos e javalis.

Desde 28 de novembro, 13 javalis selvagens encontrados mortos em uma área florestal na região metropolitana de Barcelona testaram positivo para PSA, causando preocupação entre as autoridades e o setor suíno da Espanha.

Para tentar conter a doença, foi montado um esquema que envolveu cerca de cem militares e vários guardas locais.

O Ministério da Agricultura espanhol anunciou que iniciou uma investigação adicional sobre a origem do vírus após receber o relatório do laboratório de referência da União Europeia, que realizou o sequenciamento do genoma.

O grupo genético do vírus detectado não coincide com o que atualmente circula nos países europeus afetados pela PSA, mas é bastante semelhante à cepa “Geórgia 2007”, usada frequentemente em estudos laboratoriais para avaliar o vírus e testar vacinas, conforme comunicado do Ministério.

Segundo o Ministério, a descoberta de um vírus parecido com o da Geórgia não elimina a possibilidade de que o surto tenha origens em uma instalação de biocontenção.

Uma forte hipótese para o aparecimento do vírus é que ele tenha sido transportado ao país dentro de embutidos contaminados, consumidos por javalis na região.

Nas proximidades da área onde os javalis foram detectados com a doença, está o laboratório IRTA-CReSA, que possui unidades de biocontenção de nível 2 e 3.

Joaquim Segalès, pesquisador do centro, descartou a possibilidade de vazamento acidental, dizendo à AFP que não existem evidências que apontem o laboratório como causa do surto, sobre o qual trabalham há 18 anos.

O responsável pela Agricultura no governo catalão, Òscar Ordeig, declarou que o governo regional não descarta nenhuma hipótese sobre a origem do surto, mas recomenda cautela até que novas informações sejam obtidas.