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Mesmo com ordem judicial, bebê do DF espera há 2 meses por cirurgia
Um recém-nascido de 2 meses está internado na UTI neonatal do Hospital Materno Infantil de Brasília desde o nascimento, à espera de uma cirurgia paliativa para o coração. Segundo a mãe, Natália Liberato, de 19 anos, a cirurgia deveria ter sido feita na primeira semana de vida. A jovem conseguiu um mandado judicial em 7 de novembro para que a operação ocorresse em até cinco dias, o que não ocorreu. A Secretaria de Saúde afirma que os pacientes são atendidos de acordo com a gravidade do caso e que a criança tem “prioridade um” na fila atual.
O procedimento deve ser realizado no Instituto de Cardiologia. O bebê, Jorge Liberato Oliveira, é portador de uma doença congênita no coração que só foi diagnosticada no nascimento, em outubro. Uma falha no desenvolvimento do bebê levou à formação de um único ventrículo – câmara inferior do órgão, que aparece duplicada em corações saudáveis – e à persistência do canal arterial, tubo que geralmente se fecha nos primeiros dias após o nascimento.
Natália diz que o estado da criança é grave. O menino está entubado, respirando com a ajuda de aparelhos e tomando vários medicamentos. O coração, segundo ela, “descompensou”, e os rins estão começando a ser afetados.
“Eu estou agoniada. É muito difícil ver o meu filho no estado que ele está. Eu estou sabendo que ele está necessitando de uma coisa que eu não posso fazer por ele. Eu estou ansiosa e triste porque o estado em que ele está é cruel”, disse Natália.
No dia 7 de novembro, a mãe entrou com uma ação no Tribunal de Justiça pedindo urgência no agendamento da consulta e na realização da cirurgia. No mesmo dia, o juiz decidiu que, no prazo de cinco dias a contar a intimação, o GDF deveria submeter Jorge a consulta no Instituto de Cardiologia para programar a cirurgia.
A Secretaria de Saúde afirma que a consulta foi realizada por um cardiologista da própria UTI Neonatal onde o bebê está internado, devido à gravidade da quadro. Por meio de nota, a pasta disse que o estado da criança é grave, porém estável.
Sem vagas
O Instituto de Cardiologia tem oito leitos pediátricos destinados a pacientes da rede pública, mas todos estão lotados e sem previsão de alta. Segundo a administração, a lista de espera é coordenada pela própria Secretaria de Saúde.
A pasta afirmou que a “prioridade um” no prontuário de Jorge indica que ele será encaminhado ao Instituto de Cardiologia assim que houver vaga. A nota enviada diz que a criança está recebendo todo o atendimento necessário no Hospital Materno Infantil, enquanto aguarda a transferência.
Mas, de acordo com informações passadas pelo instituto, a garantia de um leito pediátrico pode não ser suficiente para encaminhar o procedimento. Mesmo com indicação cirúrgica, o paciente precisa estar dentro da faixa de peso recomendada e livre de infecções que possam complicar o quadro.
Crise na saúde
Na semana passada, familiares de duas pacientes que morreram na rede pública de saúde do DF denunciaram o governo por negligência. Uma mulher de 53 anos morreu no Hospital Regional de Taguatinga no último dia 11, após esperar mais de duas semanas por cirurgia para corrigir uma fratura na perna esquerda. A Secretaria de Saúde nega descaso e diz ter dado toda assistência à paciente.
Dias antes, uma menina de 7 anos morreu após relatar fortes dores na barriga e na garganta. Segundo a família, a criança foi levada à emergência do Hospital Regional de Ceilândia, mas não recebeu atendimento dos médicos plantonistas e do Samu. A Secretaria de Saúde afirma que não há registro da chegada da menina ao local.
A Polícia Civil investiga os dois casos. As mortes ocorreram em meio a uma crise financeira do governo. Servidores da Saúde e da Educação receberam os salários com atraso e chegaram a fechar a via em frente ao Palácio do Buriti por dois dias seguidos em protesto contra a situação. O Executivo alegou que a baixa arrecadação provocou a situação, mas disse que todas as dívidas serão quitadas.
Além disso, na saúde, o governo decidiu remanejar R$ 84 milhões de convênios com o governo federal – incluindo o fomento a programas de combate e prevenção a doenças como dengue e Aids, que apresentaram indicadores ruins neste ano – para pagar dívidas com fornecedores e reabastecer a rede pública da capital do país com medicamentos e materiais hospitalares. Um levantamento feito por técnicos estima que o rombo da pasta seja de R$ 150 milhões.
Fonte: G1
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