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Faria Lima recebe Flávio Bolsonaro com cautela e incerteza sobre planos econômicos
Gestores da Faria Lima, que se reuniram recentemente em São Paulo com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que anunciou sua pré-candidatura à Presidência, permanecem incertos sobre a firmeza da candidatura, mas ouviram dele a promessa de um governo alinhado ao mercado financeiro. De acordo com interlocutores, Flávio assegurou que pretende seguir uma linha econômica liberal semelhante à do ex-ministro Paulo Guedes, conhecido como “Posto Ipiranga” na campanha presidencial do pai, Jair Bolsonaro, em 2018.
O primeiro compromisso ocorreu em um almoço na sede do Banco UBS, com a presença de empresários como Flávio Rocha, proprietário da Riachuelo, e Richard Gerdau, da tradicional produtora de aço, além do ex-presidente do BNDES, Gustavo Montezano.
Flávio sinalizou que, caso eleito, pretende dar continuidade à política econômica de Guedes e alterar as diretrizes do governo atual, sob a gestão do ministro da Fazenda Fernando Haddad (PT). Ele afirmou que iniciaria sua campanha eleitoral com uma base sólida de votos para competir no segundo turno contra o presidente Lula.
Grande parte dos economistas e gestores acredita que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), possui maior chance de sucesso na corrida presidencial. A rejeição à candidatura de Flávio foi demonstrada pela queda significativa da Bolsa e a alta do dólar no dia do anúncio, quando o Ibovespa despencou mais de 4% e o dólar atingiu o maior valor do ano.
No encontro no UBS, a principal interrogação era sobre a permanência da candidatura. Flávio garantiu que seguirá na disputa, destacando a vantagem de seu sobrenome para angariar cerca de 20% dos votos, além do potencial de atrair novos eleitores por ser considerado o membro menos radical da família Bolsonaro.
Embora tenha afirmado seguir a linha econômica de Guedes, Flávio não detalhou quem indicaria para o ministério. Citou o ex-ministro e Montezano, que foi executivo do banco BTG Pactual, como colaboradores em sua campanha.
Um empresário presente avaliou que Flávio adotou um discurso moderado, mas ainda precisa elaborar um programa de governo sólido para conquistar o apoio do mercado financeiro. Os pontos decisivos para o setor de direita são compromisso com a estabilidade fiscal, previsibilidade institucional e continuidade das reformas e privatizações.
Outro participante considerou o almoço mais um gesto simbólico para melhorar a imagem do senador no mercado do que uma tentativa firme de apoio financeiro. Uma foto do evento, por exemplo, reforçou esse caráter publicitário. O simples apoio verbal à estabilidade fiscal e desburocratização não assegura o respaldo dos gestores, que esperam propostas concretas.
As reuniões de Flávio na Faria Lima têm sido organizadas por Filipe Sabará, ex-secretário do governo João Doria e um dos coordenadores da campanha de Pablo Marçal para a prefeitura de São Paulo.
Sabará revelou: “Após o anúncio da candidatura, o mercado buscou entender os planos de Flávio. Conversei com ele para explicar a esse público, mais inclinado a Tarcísio.”
O objetivo é manter a agenda na Faria Lima e aumentar a presença em podcasts de finanças, como já ocorreu. Flávio defende o livre mercado e a desburocratização, destacando que a economia é movida pelos empreendedores da iniciativa privada, não pelo governo.
Ao manter uma postura de diálogo e buscar apoio no mercado, o candidato se distancia da narrativa “anti-establishment” defendida pelos irmãos Eduardo e Carlos Bolsonaro. Essa divisão também ocorre em relação aos partidos do Centrão, ignorados por essa ala da família, enquanto Flávio mantém reuniões e escuta críticas sobre o processo.
O UBS informou que realiza eventos regularmente para seus clientes, ressaltando que essa prática é comum no mercado.

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