Somente um produto do DF exportado aos EUA não foi taxado

A Casa Branca anunciou em 20 de novembro uma ordem executiva que eliminou as tarifas de 40% aplicadas a alguns produtos agrícolas brasileiros exportados para os Estados Unidos.

No entanto, essa medida teve impacto quase nulo para o Distrito Federal: entre os 79 itens produzidos na capital e enviados para o mercado norte-americano, apenas um recebeu isenção tarifária.

Do DF, o único produto que não foi beneficiado pela redução tarifária é o chá verde. A informação é da Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra). Esse produto representa uma parcela muito pequena das exportações para os Estados Unidos, totalizando US$ 9.750 em valor.

A diminuição das tarifas anunciada pelos EUA vale exclusivamente para um grupo restrito de produtos agrícolas do Brasil. Na cifra das exportações do Distrito Federal, a maioria dos produtos é originária do setor industrial, incluindo gorduras, óleos, massas para panificação, biscoitos e vestuário, que não estão incluídos na medida.

Em entrevista ao Metrópoles, o presidente da Fibra, Jamal Jorge Bittar, avaliou que o governo brasileiro tem negociado eficazmente a pauta tarifária contra produtos brasileiros, com a expectativa de reversão desse cenário a curto prazo.

“A indústria do Distrito Federal segue impactada, porém, como há grande diversidade de destinos para os produtos, o peso das tarifas concentra-se em setores específicos. Continuaremos nosso trabalho junto à Confederação Nacional da Indústria e ao governo federal para buscar a reversão deste quadro”, declarou o presidente da Fibra.

Jamal também destacou o apoio da Fibra às empresas para explorar novos mercados para seus produtos, visando escapar da incerteza causada pelo momento atual.

Produtos Mais Exportados

• Óleos e gorduras lideram as exportações para os EUA, com movimentação de US$ 2.979.089 no ano passado.
• Em seguida, misturas e pastas para produtos de padaria arrecadaram US$ 1.613.933.
• A indústria de biscoitos ficou em terceiro lugar, com US$ 909.749 em 2024.

Contexto do Tarifaço

Em julho, o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma ordem executiva que estabeleceu tarifas de 50% sobre produtos importados do Brasil, resultado da soma de uma alíquota de 10% anunciada em abril com 40% adicionais em julho.

Entretanto, Trump deixou quase 700 produtos isentos da tarifa extra de 40%, incluindo suco de laranja, aeronaves, castanhas, petróleo e minérios de ferro. Esses produtos permanecem sujeitos à alíquota de 10%.

Do Distrito Federal, somente um produto ficou fora do tarifaço: combustível para aviação, que representa 9,4% das exportações para os EUA, totalizando US$ 739.273.

Tarifas Contra o Brasil

Em julho de 2023, Donald Trump justificou a imposição das tarifas afirmando que ações do governo brasileiro representavam uma ameaça “incomum e extraordinária” à segurança nacional, política externa e economia dos EUA, fundamentando-se na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA) de 1977 para declarar emergência nacional.

No dia 14 de novembro, o presidente dos EUA promoveu uma redução parcial dessas tarifas sobre produtos agrícolas brasileiros, beneficiando itens como café, carne bovina e frutas como açaí, que até então estavam sujeitos à alíquota de 50%.

Esta redução abrangeu somente a alíquota recíproca de 10%, aplicada anteriormente em abril. A taxa adicional de 40%, vigente desde julho, permaneceu até aquele momento.

Posteriormente, Trump assinou nova ordem executiva que zerou as tarifas de 40% sobre certos produtos agrícolas brasileiros, incluindo carne bovina fresca, resfriada ou congelada, produtos de cacau, café, algumas frutas, vegetais, nozes e fertilizantes.

Segundo a Casa Branca, essa decisão refletiu um “progresso inicial” nas negociações iniciadas após uma conversa telefônica entre Donald Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 6 de outubro, o que permitiu reavaliar a medida punitiva.