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Hondurenhos ainda aguardam definição do próximo presidente após duas semanas
Os hondurenhos completaram, nesta segunda-feira (15), duas semanas na incerteza sobre quem será seu próximo presidente, aguardando uma contagem especial que definirá o vencedor entre o conservador Nasry Asfura, apoiado por Donald Trump, e o candidato de direita Salvador Nasralla.
Asfura, empresário de 67 anos, mantém uma vantagem inferior a dois pontos percentuais sobre Nasralla, apresentador de televisão de 72 anos que acusa fraude em favor de seu adversário nas eleições de 30 de novembro.
Apesar das acusações, a missão eleitoral da OEA rejeitou quaisquer evidências que possam questionar os resultados, conforme relatório apresentado ao Conselho Permanente da organização em Washington.
O atraso na divulgação oficial é considerado injustificável pelo ex-ministro das Relações Exteriores do Paraguai e chefe da missão, Eladio Loizaga.
Diante das alegações de fraude, apoiadas pela esquerda no poder, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciou a revisão das atas com inconsistências, após uma apuração marcada por interrupções causadas por falhas técnicas.
O processo de revisão, auditado pelos partidos, ainda não teve início, pois o Partido Liberal, de Nasralla, exige a recontagem total dos votos. O partido de esquerda Livre, que ficou em terceiro lugar, afirma que a eleição foi vencida por Nasralla.
Segundo a conselheira eleitoral Cossette López, há pressões ilegais sobre o CNE para que sejam feitas recontagens à margem da lei.
A representante da União Europeia junto à OEA, Despina Manos, afirmou que não foram detectadas irregularidades que comprometam os resultados preliminares.
Nasralla, ex-aliado do atual governo e rotulado por Trump como quase comunista, denuncia que o CNE pretende revisar apenas uma parte das atas contestadas, enquanto ele exige a contabilização de todas, pois acreditam que a vantagem de Asfura é menor do que aparenta. Ele também pede uma recontagem completa da votação.
Apesar de pequenos protestos, não houve registros significativos de violência. A esquerda convocou uma mobilização pacífica em direção ao CNE.
A credibilidade do CNE é frequentemente questionada em Honduras, já que seus líderes provêm dos três maiores partidos.
O órgão tem até 30 de dezembro para anunciar o novo presidente do país, que enfrenta problemas graves de violência e pobreza, com uma população de 11 milhões de habitantes.
Alguns hondurenhos, como o taxista Sergio Canales, acreditam que o resultado já é conhecido: com o apoio de Trump a Asfura, a vitória era certa. Canales espera que, pelo menos, as autoridades consigam combater o crime organizado, especialmente a extorsão, que afeta profundamente o país.
Trump, empenhado em fortalecer um bloco de direita na América Latina, advertiu sobre consequências graves caso o resultado favorável a Asfura seja alterado.
Além disso, a intervenção do presidente americano incluiu o indulto concedido ao ex-presidente hondurenho Juan Orlando Hernández, do mesmo partido de Asfura, que cumpria pena nos Estados Unidos por narcotráfico.
Embora Trump defenda a inocência de Hernández, a atual presidente Xiomara Castro mantém sua culpa e chama a situação de golpe eleitoral, citando interferências estrangeiras e coação por grupos criminosos.
Ana María Sánchez, dona de uma barraca de comida na capital, afirma que, independentemente do anúncio oficial, todos sabem que Asfura será o presidente.
As Forças Armadas, com histórico de golpes, garantiram a transferência de poder prevista para 27 de janeiro.
Por outro lado, a candidata de esquerda Rixi Moncada, terceira colocada, afirma que não reconhecerá os resultados devido à falta de liberdade nas eleições e interferências externas.
Apoiadores do partido Livre, como Elizabeth Sánchez, estão convictos de que houve fraude e prometem retornar ao poder no futuro, apesar da adversidade.

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