Centro-Oeste
De luxo ao abandono: Torre Palace recepcionou Garrincha e estrelas de Hollywood
O Torre Palace Hotel, situado no Setor Hoteleiro Norte, foi um dos destinos de luxo mais renomados de Brasília, acolhendo diversas celebridades do cenário nacional e internacional.
Inaugurado em 1973, o prédio ganhou destaque antes de enfrentar um longo período de decadência marcado por crises, disputas judiciais e abandono.
Logo após a abertura, o hotel hospedou figuras ilustres do esporte, da música e da televisão. Em outubro de 1973, três jogadores do tricampeonato mundial da Seleção Brasileira se hospedaram no local: Carlos Alberto Torres, capitão da equipe, Zé Maria e Rivellino.
No mês seguinte, o Torre Palace recebeu o grupo Os Diagonais e os cantores Jair Rodrigues e José Cipriano.
Dentre os atletas, além de Zanata, meio-campista do Vasco na época, o lendário Mané Garrincha, ídolo do Botafogo e um dos maiores jogadores da história do futebol mundial, esteve hospedado duas vezes.
Outros nomes do futebol nacional como Chiquinho (Flamengo), Ferretti (Botafogo) e Nelson (São Paulo) também passaram pelo Torre Palace. Jogadores como Lula (Fluminense) e Miguel (Vasco) também se hospedaram no hotel.
O Torre Palace ainda acolheu autoridades nacionais e internacionais, incluindo oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU) como Clinton A. Thykeson e Denniz C. Payne.
Em 29 de janeiro de 1974, a atriz de Hollywood e estrela da Broadway Mary Martin escolheu o hotel para sua estadia durante visita à capital federal.
O hotel foi adquirido por um grupo hoteleiro que planeja construir um novo empreendimento no local e será demolido pela empresa RVS Construções e Demolições.
Essa demolição faz parte do processo de substituição da antiga estrutura, que entrou em decadência após o falecimento do fundador, o empresário libanês Jibran El-Hadj, em 2000.
Segundo o historiador Lewy Mota, 39 anos, o Torre Palace foi idealizado para ser um símbolo de luxo, prestígio e espaço dedicado a pessoas ilustres.
“O desenrolar da história do Palace Hotel culmina em um cenário de degradação, transformação de um local que já foi ponto de encontro de figuras importantes em Brasília desde a década de 70”, afirmou.
Desde que fechou, o edifício tem sofrido invasões, depredações e se transformou em um foco de insegurança e deterioração urbana.
A demolição, inicialmente marcada para domingo, 21 de dezembro, foi remarcada para 25 de janeiro de 2026 a pedido do Exército Brasileiro, entidade responsável pela autorização e fiscalização do uso de explosivos no país. A Força solicitou prazo maior para organizar a operação.
No Brasil, explosivos, detonadores e acessórios são regulados como Produtos Controlados pelo Exército (PCE), e sua regulamentação considera critérios de segurança pública, ordem interna e defesa nacional.
Além de autorizar o uso dos materiais, o Exército trabalha em conjunto com outras agências para garantir o isolamento da área e a segurança da população.
De acordo com dados técnicos fornecidos pela empresa RVS Construções e Demolições, foram realizados 938 furos estruturais para instalar 165,56 quilos de explosivos do tipo Ibegel SSP.
Os explosivos serão posicionados nos pavimentos térreo, 1º, 2º, 3º e 7º, totalizando 600,78 metros perfurados nos pilares. A queda foi planejada com leve inclinação para o Leste, minimizando a dispersão de detritos em direção ao Eixo Monumental.
A operação contará com apoio da Defesa Civil, Polícia, Detran e Corpo de Bombeiros. No dia da demolição, será feita evacuação preventiva dos hotéis próximos, situados à frente e na lateral do prédio.
Durante os anos em que ficou fechado, o Torre Palace também foi alvo de disputas judiciais entre herdeiros e outros entraves legais.
Em 2021, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou que a Justiça do Trabalho analisasse uma questão relacionada ao leilão do imóvel. Em 2016, uma grande ação retirou ocupantes do prédio, que estava conhecido como “Cracolândia Vertical”.


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