Partidos economizam R$ 190 milhões para as eleições de 2026

Os partidos políticos brasileiros economizaram juntos cerca de R$ 190 milhões do fundo partidário distribuído pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e das doações recebidas ao longo deste ano para aumentar o valor disponível para financiar as campanhas eleitorais de 2026, quando serão eleitos presidente, governadores, senadores, deputados federais e estaduais em todo o país.

A maior parte desse dinheiro guardado vem do fundo partidário, recurso público dividido entre os partidos da seguinte maneira: 95% conforme o tamanho das bancadas na Câmara dos Deputados e 5% igualmente entre as legendas que cumpriram a cláusula de desempenho, que exige ao menos 11 deputados em nove estados diferentes — 10 siglas não têm direito a receber esses fundos.

O valor total do fundo destinado para custear as atividades partidárias, como salários, aluguéis e passagens aéreas, foi de R$ 1,2 bilhão este ano. Em 2026, além desse fundo partidário, os partidos terão à disposição mais R$ 4,9 bilhões do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), conhecido como fundão, que é exclusivo para financiar campanhas eleitorais.

Apesar dos valores altos direcionados às eleições, pelo menos seis partidos encerraram dezembro com pelo menos R$ 10 milhões de saldo em caixa para o ano eleitoral. Os dados foram levantados a partir das prestações de contas anuais do TSE e atualizados até meados deste mês, podendo sofrer alterações — os números do União Brasil estão incompletos no portal.

Principais partidos que economizaram em 2025

• PL — R$ 87,3 milhões
• Republicanos — R$ 45,4 milhões
• PP  — R$ 34,2 milhões
• PDT — R$ 21,2 milhões
• PSD — R$ 12,2 milhões
• Avante — R$ 11,6 milhões

O PL fortalece o caixa com verba da fundação

Detentor da maior parte dos fundos partidário e eleitoral, o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, reservou para a próxima eleição quase metade dos R$ 190,4 milhões repassados pelo TSE até o final de novembro deste ano.

Até agora, a sigla liderada por Valdemar Costa Neto soma R$ 262,1 milhões em receitas e R$ 174,8 milhões em despesas, acumulando um superávit de R$ 87,3 milhões.

Uma parte importante desse saldo vem da devolução de recursos que o partido deve repassar para a sua fundação política, o Instituto Álvaro Valle.

Desde 2013, uma mudança na lei permitiu que o dinheiro não gasto pelas fundações possa ser revertido para outras atividades partidárias, incluindo propaganda e campanhas eleitorais.

No caso da fundação do PL, a sobra representa 75% do total repassado pelo partido. Em janeiro deste ano, o partido recebeu R$ 37,2 milhões que não foram usados pela fundação no ano anterior.

O segundo partido com maior saldo do fundo partidário, o Republicanos, recebeu R$ 88,1 milhões do TSE e ainda obteve R$ 10 milhões com rendimentos de investimentos feitos anteriormente, mas gastou apenas R$ 53,6 milhões até dezembro.

O PP do senador Ciro Nogueira (PI) registrou despesas inferiores à metade dos R$ 55,3 milhões recebidos do fundo partidário e seus rendimentos até o momento.

Em contraste com os partidos de direita, o PT, que recebe a segunda maior cota do fundo partidário, com R$ 126 milhões transferidos pelo TSE até novembro, fechou 2025 com déficit de R$ 1 milhão e não terá sobras para as eleições.

O partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) gastou R$ 152,5 milhões contra uma arrecadação total de R$ 151,5 milhões, incluindo fundo partidário e doações.

Regras da lei

A legislação dos partidos políticos, de 1995, permite que os recursos do fundo partidário — ao contrário do fundo eleitoral, que deve retornar ao Tesouro Nacional — possam ser guardados em conta para uso no ano seguinte.

Além dos recursos públicos, as doações privadas para os partidos também podem ser reservadas para despesas eleitorais do ano seguinte.

Os recursos podem ser usados pelos partidos que cumpriram a cláusula de barreira, ou seja, aqueles que obtiveram pelo menos 2% dos votos válidos no país, com mínimo de 1% em pelo menos nove estados, ou que elegeram ao menos 11 deputados federais em nove estados diferentes.