Economia
Dólar recua após sequência de altas, cotado a R$ 5,5314
Após sete dias consecutivos de alta, o dólar diminuiu seu valor em relação ao real, revertendo parte dos ganhos obtidos nesta segunda-feira, 22, em um movimento fortalecido pela realização de dois leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra) promovidos pelo Banco Central. De uma oferta total de US$ 2 bilhões, o BC vendeu US$ 500 milhões.
Essa operação, independente da rolagem de vencimentos, serviu para injetar liquidez no mercado, que geralmente sofre redução durante a semana de feriado.
Com o pico de R$ 5,5975, o dólar encerrou o dia a R$ 5,5314, apresentando uma queda de 0,95%, quase atingindo a mínima de R$ 5,5304. O dólar futuro para janeiro caiu 1,21%, cotado a R$ 5,5300.
A moeda norte-americana acumula valorização de 0,03% na semana e 3,69% no mês, mas apresenta desvalorização de 10,50% no ano.
Na véspera, o dólar fechou a R$ 5,5843, chegando a alcançar o maior valor dos últimos cinco meses, a R$ 5,6072. As remessas de lucros e dividendos para o exterior, juntamente com uma postura mais cautelosa dos investidores, motivaram os dois leilões do Banco Central, que visaram limitar uma valorização excessiva da moeda americana.
O índice DXY, que mede a força do dólar em relação a seis moedas fortes, fechou em queda de 0,34%, aos 97,948 pontos, após atingir a mínima de 97,852 pontos.
Segundo Jonathan Woo, chefe da mesa de câmbio e internacional da Mirae Asset Brasil, a ação parcial do BC evidencia que a instituição está segura com a atual reserva. Ele destaca que talvez o mercado esperasse uma atuação mais direta para diminuir a pressão sobre o câmbio, mas que ficou claro o conforto do BC em vender US$ 500 milhões.
Apesar de o dólar ter iniciado uma tendência de queda nesta terça-feira, o impacto de fatores externos foi limitado para provocar movimentos significativos na moeda, conforme relato de operadores. O Departamento de Comércio dos Estados Unidos divulgou dados do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, que apresentou crescimento anualizado de 4,3%, acima das expectativas do mercado.
No cenário doméstico, a divulgação do IPCA-15 de dezembro, que registrou alta de 0,25% no mês e 4,41% no acumulado do ano — ficando abaixo do teto da meta de inflação de 4,5% e alinhado com o consenso do mercado — também não foi suficiente para impulsionar uma queda mais acentuada do dólar, de acordo com Woo.
Além disso, o cancelamento da entrevista do ex-presidente Jair Bolsonaro ao portal Metrópoles contribuiu para a perda de força da moeda americana à tarde. Segundo o especialista, a decisão de Bolsonaro foi positiva, pois evitou preocupações relacionadas a um possível apoio explícito à candidatura do senador Flávio Bolsonaro, que ainda não apresenta força consolidada. Essa incerteza levou os investidores a adotar posições defensivas para evitar uma piora cambial, que acabou não ocorrendo.
Com a semana de Natal tornando o cenário mais tranquilo, a atenção dos investidores deve se voltar para os próximos dados de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos, que serão divulgados amanhã, às 10h30, pelo Departamento do Trabalho.
Enquanto o Legislativo e o Judiciário estão em recesso, analistas esperam que o início do próximo ano traga movimentos políticos relevantes, incluindo possíveis notícias sobre a candidatura do senador Flávio Bolsonaro à Presidência da República. Além disso, o mercado estará atento à nomeação do novo presidente do Federal Reserve, sucessor de Jerome Powell.


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