Venezuelanos enfrentam o fim de ano sob tensões com os EUA

María Abreu caminha entre as luzes natalinas que iluminam uma avenida em Caracas, enquanto conversa e sorri com seus amigos. Ela tenta não pensar na grande presença militar dos Estados Unidos no Caribe ou na ameaça de um possível ataque à Venezuela.

A vontade de escapar, mesmo que momentaneamente, é clara entre os venezuelanos, que enfrentam crises políticas e econômicas por muitos anos.

“Prefiro não me preocupar com isso. Se algo acontecer, que aconteça. Vivemos um dia de cada vez”, afirma Abreu, uma jovem atleta de 18 anos.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou uma frota militar grande que atacou barcos supostamente ligados ao tráfico de drogas, resultando em mais de 100 mortes. Também foram apreendidos dois navios que transportavam petróleo venezuelano devido a sanções.

Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, acusa Washington de tentar derrubá-lo, e muitos venezuelanos temem ataques aéreos ou invasões.

Essas possibilidades são tema de conversas discretas no dia a dia da população. Muitos receiam ser presos por opiniões que desagradem ao governo.

Clima político pesado

O período de Natal começou em outubro por ordem de Maduro, e a avenida ‘Los Próceres’ está decorada com luzes que quase fazem as pessoas esquecerem os frequentes apagões no país.

Ao redor da avenida, cercada por árvores e estátuas dedicadas aos heróis da independência, casais tiram fotos, crianças brincam e pais compram doces para seus filhos.

Os centros comerciais estão cheios, diferente da escassez dos últimos anos. As vitrines atraem muitos visitantes, ainda que muitos não tenham como comprar diante da alta inflação.

Yorelis Acosta, psicóloga, prevê que muitos sofrerão com problemas psicológicos devido à longa crise, como ansiedade, estresse, insônia e irritabilidade.

“Estamos tentando ignorar o peso político que carregamos. Buscamos celebrar nossas vidas cotidianas acima de tudo”, conta María Mendoza, estudante de artes de 21 anos.