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Quem é Silvinei Vasques, ex-chefe da PRF ligado a Bolsonaro
Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), foi detido nesta sexta-feira no Aeroporto de Assunção, no Paraguai, enquanto tentava deixar o país com destino a El Salvador. Ele havia sido condenado recentemente pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 24 anos e seis meses de prisão por envolvimento numa conspiração golpista investigada após as eleições de 2022.
Nascido em 1975, em Ivaiporã, Paraná, Silvinei Vasques construiu toda sua carreira na área de segurança pública. Ingressou na PRF em 1995, acumulando quase 30 anos de experiência na corporação, em funções que variaram entre operação, administração e liderança regional, principalmente em Santa Catarina e Rio de Janeiro, onde consolidou alianças internas e políticas.
Descrito por colegas como ambicioso, com perfil centralizador e comunicativo, Vasques investiu bastante em sua formação acadêmica. Ele se graduou em ciências econômicas, direito e administração, acumulando especializações em segurança pública e gestão. Além disso, tem mestrado em administração feito no exterior e doutorado em direito na Argentina. Participou também de treinamentos para grandes operações policiais, inclusive nos Estados Unidos, o que reforçou sua imagem como gestor técnico qualificado.
Antes de assumir o comando da PRF em Brasília, Silvinei Vasques se movimentou entre polícia e política local. Foi secretário municipal de segurança em São José (Santa Catarina) e integrou o conselho de uma empresa estatal fluminense por indicação do então governador Wilson Witzel. Dentro da PRF, era visto como aliado da direita e identificado com o bolsonarismo, mesmo antes da chegada de Jair Bolsonaro à presidência.
Esse alinhamento político foi decisivo para sua promoção. Em 2021, Vasques foi nomeado diretor-geral da PRF e rapidamente se tornou um representante proeminente do bolsonarismo na área de segurança pública. Passou a expressar abertamente suas posições políticas, defender pautas do governo e manter contato direto com o Planalto, transformando sua função técnica em uma plataforma de destaque nacional.
Durante sua gestão, adotou um perfil concentrado na cúpula da corporação e manteve relações próximas com aliados do presidente, o que o colocou como homem de confiança no Palácio do Planalto. Contudo, essa exposição trouxe consequências. Em 2022, com a aproximação do segundo turno das eleições presidenciais, Vasques foi investigado pela Polícia Federal por supostamente incentivar o uso da PRF com fins políticos.
As apurações indicam que foram intensificadas operações em rodovias do Nordeste, região onde Luiz Inácio Lula da Silva tinha maior apoio eleitoral, levantando suspeitas de interferência no deslocamento de eleitores. Após a derrota de Bolsonaro, Vasques perdeu o cargo e enfrentou agravamento em sua situação legal.
Foi preso preventivamente em 2023 e permaneceu detido cerca de um ano. Deixado em liberdade, tentou retomar sua influência em Santa Catarina, onde manteve vínculos políticos e pessoais. Chegou a cogitar candidatura à prefeitura de São José, mas seu nome foi rejeitado pelo próprio grupo bolsonarista, devido ao desgaste judicial.
Optou por apoiar o prefeito Orvino Coelho (PSD) e foi nomeado secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Inovação em 2025. No dia 16 de dezembro, após sua condenação, pediu demissão do posto.
Durante sua atuação na cidade catarinense, recebeu simultaneamente o salário de secretário, cerca de R$ 18,4 mil brutos, e sua aposentadoria da PRF, de valor similar, totalizando mais de R$ 37 mil mensais.
Nos bastidores, aliados contavam que Vasques se considerava vítima de perseguição política e tinha esperança na reversão das decisões judiciais.


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