Mundo
Ataques na Nigéria e fé intensa: o Natal segundo Trump
Ao ordenar ataques contra jihadistas na Nigéria no dia de Natal, o presidente Donald Trump confirmou a mudança do governo dos Estados Unidos para um nacionalismo cristão declarado e uma fé expressa de forma intensa.
Em suas postagens na véspera do Natal em sua plataforma Truth Social, o líder republicano não usou as saudações tradicionais desta época do ano.
“Feliz Natal a todos, incluindo a escória da esquerda radical”, disse ele na quarta-feira, 24.
“FELIZ NATAL a todos, inclusive aos terroristas mortos, e haverá ainda mais se continuarem seu ataque contra cristãos”, escreveu Trump no dia 25, ao anunciar ataques seletivos contra jihadistas na Nigéria.
Por outro lado, a Casa Branca divulgou uma mensagem tradicional, repleta de citações bíblicas, assinada pelo presidente e sua esposa, Melania Trump, que passam as festas em Mar-a-Lago, na Flórida.
A palavra “Deus” é mencionada sete vezes, e o casal declara que reza para que o amor infinito de Deus, Sua misericórdia divina e Sua paz eterna estejam sobre o país e o mundo.
No entanto, a agenda oficial de Donald Trump não incluiu referência à participação em cultos religiosos nos dias 24 ou 25 de dezembro.
Durante seu primeiro mandato, o bilionário de 79 anos orgulhava-se de ter restabelecido o uso da expressão “Feliz Natal”, criticando seu antecessor, o democrata Barack Obama, alegando falsamente que este havia substituído por “Boas Festas”.
Este ano, os votos natalinos do governo americano também se destacaram pela fé expressa de forma marcante. O Departamento de Segurança Interna pediu no X que se celebre o nascimento de Cristo, enquanto o secretário de Estado Marco Rubio mencionou a promessa da vida eterna em Cristo. O Pentágono realizou, pela primeira vez, um serviço religioso de Natal em 17 de dezembro.
Nos Estados Unidos, as referências a Deus são frequentes no discurso político, país que se define como “uma nação sob Deus”. Porém, a Primeira Emenda da Constituição garante liberdade religiosa e separação entre Igreja e Estado, proibindo o estabelecimento de um culto oficial.
Isso não impediu o vice-presidente J.D. Vance de promover a doutrina cristã em várias áreas políticas, desde a diplomacia até a imigração. “Uma verdadeira política cristã não pode focar apenas na proteção dos não nascidos […] Deve estar no centro da nossa visão do governo”, afirmou ele em comício recente do grupo conservador Turning Point USA.
Vance, convertido ao catolicismo em 2019, defende um nacionalismo cristão disciplinado. Já a versão de Trump tem caráter mais pessoal e messiânico.
Em seu discurso de posse, em 20 de janeiro, Trump afirmou que Deus o salvou de uma tentativa de assassinato durante a campanha eleitoral para confiar a ele o destino dos Estados Unidos.
Apesar de não ser conhecido por prática religiosa regular e não professar uma fé particularmente fervorosa no passado, o líder parece preocupado com a salvação de sua alma.
“Quero tentar alcançar o céu, se for possível”, disse à Fox News em agosto. “Ouvi dizer que não estou indo bem… Ouvi dizer que estou no último lugar na hierarquia!”, sugerindo que mediar a paz na Ucrânia poderia ajudá-lo a atingir esse objetivo.
Recentemente, mostrou-se bastante pessimista quanto às suas chances de vida eterna.
Em 15 de outubro, avaliou de forma sombria: “Não acredito que haja algo que possa me levar ao paraíso.”


Você precisa estar logado para postar um comentário Login