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Israel reconhece Somalilândia e causa críticas na África
A Somália e a União Africana (UA) demonstraram forte desaprovação após Israel se tornar o primeiro país a oficialmente reconhecer a Somalilândia como uma nação independente na última sexta-feira.
Localizada no extremo nordeste do Chifre da África, a Somalilândia, com uma área semelhante à do Uruguai (175.000 km²), declarou independência da Somália em 1991, durante um período de instabilidade política decorrente da queda do regime militar de Siad Barre.
Israel é o pioneiro no reconhecimento do território que opera de forma autônoma e apresenta maior estabilidade em comparação à Somália, que enfrenta conflitos internos e insurgências islamistas.
O governo israelense, por meio de um comunicado do gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, declarou que a Somalilândia é um “Estado independente e soberano”.
Por outro lado, essa atitude foi rejeitada tanto pela Somália quanto pela União Africana, que representa 55 países africanos.
Além disso, nações como Turquia, Djibuti — que faz fronteira com a Somalilândia —, Egito e a Autoridade Palestina criticaram a decisão. O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que os EUA não seguirão o exemplo de Israel.
A Somalilândia ocupa uma posição estratégica na entrada do Estreito de Bab el-Mandeb, uma das rotas marítimas mais importantes, ligando o Oceano Índico ao Mar Vermelho e ao Canal de Suez.
Especialistas indicam que a ação israelense foi motivada por interesses de segurança regional.
Importância estratégica
Segundo o Instituto de Estudos de Segurança Nacional, Israel busca aliados na região do Mar Vermelho devido a várias razões estratégicas, incluindo possíveis operações futuras contra os rebeldes huthis do Iêmen, que são apoiados pelo Irã.
O país vizinho, Iêmen, tem sido alvo frequente de operações militares de Israel desde o início da guerra na Faixa de Gaza em outubro de 2023, em retaliação a ataques dos huthis contra Israel em solidariedade aos palestinos.
Além disso, Israel tenta fortalecer laços com países do Oriente Médio e da África.
Os Acordos de Abraão, firmados no último ano do primeiro mandato de Trump em 2020, formalizaram relações diplomáticas entre Israel e países muçulmanos como Emirados Árabes Unidos, Marrocos, Bahrein e Sudão, embora esses esforços tenham sido afetados pela guerra em Gaza.
Netanyahu expressou orgulho e satisfação diante do presidente da Somalilândia, Abdirahman Mohamed Abdulahi, ao celebrar o momento histórico para o território, que buscava reconhecimento internacional há décadas.
Na capital Hargeisa, a população comemorou nas ruas ao som de cantos e exibindo bandeiras.
Rejeição e impacto regional
A Somália classificou o reconhecimento como um “ataque deliberado à sua soberania” e alertou que a medida pode aumentar as tensões políticas e insegurança na região.
Outros países e organizações multilaterais, como Egito, Turquia, Djibuti, Conselho de Cooperação do Golfo, Liga Árabe e União Africana, também criticaram a decisão, destacando o risco de precedentes perigosos que podem afetar a paz continental.
Em entrevista ao New York Post, Donald Trump expressou seu desapreço pela medida e ressaltou dúvidas sobre o conhecimento que muitos têm acerca da Somalilândia.


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