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Zelensky busca acordo de paz com Trump
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, irá se encontrar neste domingo (28), na Flórida, com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para tentar obter apoio a uma nova proposta de paz destinada a encerrar o conflito com a Rússia, que já dura quase quatro anos.
O plano, composto por 20 pontos e resultado de semanas de negociações intensas entre Washington e Kiev, não conta com a aprovação de Moscou. O encontro, realizado na residência de Trump em Mar-a-Lago, ocorre após um grande ataque russo com mísseis e drones contra a capital ucraniana.
Este será o primeiro encontro presencial entre os dois presidentes desde outubro, quando Trump negou o pedido de Zelensky por mísseis Tomahawk de longo alcance. A audiência está marcada para as 13h00, horário local (15h00 de Brasília).
Durante uma parada em Halifax, no Canadá, no sábado (27), Zelensky expressou esperança de que o diálogo seja frutífero e declarou que o recente ataque russo revelou as intenções do presidente Vladimir Putin.
“O ataque é mais uma demonstração de que a Rússia resiste aos nossos esforços de paz. Isso evidenciou que Putin não deseja a paz, enquanto nós realmente queremos”, afirmou.
Desde o início da invasão ordenada por Putin em fevereiro de 2022, vastas regiões do leste e sul da Ucrânia foram devastadas pelos combates, e dezenas de milhares de pessoas perderam a vida.
Em Halifax, Zelensky participou de uma teleconferência com líderes europeus que, segundo o chanceler alemão Friedrich Merz, reafirmaram o total apoio às iniciativas de paz.
Representantes da União Europeia, como Ursula von der Leyen e António Costa, destacaram o compromisso do bloco com Kiev e prometeram continuar pressionando o Kremlin para aceitar um acordo.
A Rússia, por sua vez, acusou a Ucrânia e seus aliados europeus de tentarem sabotar um plano anterior, também mediado pelos Estados Unidos, para cessar os combates. O ministro russo das Relações Exteriores, Sergey Lavrov, declarou que “a União Europeia se tornou o principal entrave para a paz”.
Até o momento, Trump não confirmou seu apoio à nova proposta. Em entrevista ao site Politico na sexta-feira, ele afirmou: “Zelensky não tem nada até que eu aprove. Vamos ver o que ele apresenta”.
As negociações abordarão um acordo que manteria a guerra nas linhas de frente atuais e possivelmente exigiria que a Ucrânia retirasse suas tropas do leste, permitindo a criação de zonas desmilitarizadas.
O texto representa o reconhecimento mais claro até agora por parte de Kiev sobre possíveis concessões territoriais, mas não prevê a retirada da Ucrânia dos 20% da região de Donetsk que ainda controla, uma das principais demandas da Rússia.
Trump fez do fim dos conflitos na Ucrânia e em Gaza o foco de seu segundo mandato, no qual se apresenta como o “presidente da paz”. No entanto, ele admitiu que o conflito ucraniano é mais complexo do que imaginava e expressou frustração com a falta de acordo para uma trégua.
Em relação às garantias de segurança, Zelensky enfatizou a importância desse tema durante a reunião na Flórida.
“Precisamos que as garantias de segurança acompanhem o fim da guerra, pois é essencial confiar que a Rússia não retomará a agressão”, ressaltou. “É importante termos garantias sólidas e vamos discutir as condições necessárias”.
A Ucrânia demanda maior apoio europeu e americano, principalmente em auxílio financeiro e fornecimento de armamentos, como drones.
Durante sua parada no Canadá, o primeiro-ministro Mark Carney anunciou um novo auxílio econômico de 2,5 bilhões de dólares canadenses (equivalente a US$ 1,82 bilhão) para ajudar na reconstrução da Ucrânia após o conflito.
O recente ataque russo à capital ucraniana, ocorrido entre sexta-feira à noite e sábado de madrugada, utilizou cerca de 500 drones e 40 mísseis, deixando dois mortos e dezenas de feridos. Centenas de milhares de residentes da região de Kiev ficaram sem energia elétrica e aquecimento em meio ao inverno do hemisfério norte.


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