Corrida São Silvestre reúne 50 mil corredores em SP na edição centenária

A corrida São Silvestre alcança sua 100ª edição hoje (31/12), reunindo o maior número de participantes em sua história centenária. Mais de 50 mil corredores vão percorrer as ruas de São Paulo em meio a uma atmosfera de alegria, emoção e o sentimento de que mais um ano está chegando ao fim, acompanhados pelos primeiros acordes de “Carruagens de Fogo” na Avenida Paulista.

Entre os objetivos dos corredores estão pagar promessas, superar recordes pessoais, ajudar o próximo ou simplesmente fazer história na principal prova de rua do Brasil, que tem distância de 15 km.

Na São Silvestre, ninguém está sozinho, mas alguns corredores destacam-se por suas histórias. O coordenador de sistemas Sandro Duarte de Lima, 56 anos, corre em dobro, levando a filha cadeirante, Isadora, durante todo o percurso. Ele se prepara com antecedência para garantir que não irá desistir. “Abandonar não é uma opção”, afirma.

Sandro destaca que a corrida ganha um significado especial ao lado da filha. “Correr é prazeroso e benéfico, mas emprestar as pernas para alguém que não pode é indescritível. A satisfação é em dobro, principalmente para a Isadora, minha filha”, comenta.

Os benefícios da participação na São Silvestre extrapolam o dia da corrida, impactando positivamente o convívio familiar e o bem-estar mental e social.

Ele convida todos que possam para participar de iniciativas como Achilles, Pernas de Aluguel e Ação PCD, ressaltando que a experiência é além do que se imagina.

A prova é repleta de simbolismo e emoções. Marcel Agarie, 46 anos, começou a correr em 2013 para superar e homenagear seu pai, que participou da São Silvestre em 1989. Ele e seus irmãos passaram a correr e mantêm viva a memória do pai.

Nem tudo é fácil na organização. Antônia Irene de Carvalho, 50 anos, expressou insatisfação com a confusão na inscrição, que gerou frustração, e destacou a dificuldade de comprar seu ingresso devido a práticas inadequadas durante o processo.

A corrida foi criada em 1925 pelo jornalista Cásper Líbero, inspirado em uma corrida noturna francesa. A primeira edição contou com 60 inscritos e percorreu 8,8 km na Avenida Paulista.

Grandes nomes do atletismo, como o campeão olímpico Emil Zatopek, participaram da prova. Em 1975, as mulheres correram pela primeira vez, com a alemã Christa Valensieck ficando com a medalha de ouro.

Em 1989, a prova mudou para o horário da tarde, com o equatoriano Rolando Vera vencendo a primeira edição nesse período. A distância passou para 15 km em 1991.

O queniano Paul Tergat é o maior vencedor da história da prova, com cinco títulos, enquanto o brasileiro Marilson dos Santos venceu três vezes, em 2003, 2005 e 2010.