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Sem 13º e férias, professores fazem paralisação no 1º dia de aula no DF
Professores da rede pública do Distrito Federal decidiram dar início ao ano letivo nesta segunda-feira (23) com uma paralisação em protesto contra atrasos no abono de férias e de parte do 13º salário, redução do número de coordenadores e alteração no calendário escolar. Em coletiva no sábado, o governador Rodrigo Rollemberg reafirmou que repassou a primeira parcela dos benefícios atrasados pela gestão anterior e que espera que a situação se normalize nos próximos dias.
As aulas dos 470 mil estudantes já começaram com atraso de duas semanas. O secretário de Educação, Júlio Gregório, justificou a mudança no cronograma escolar dizendo que precisava reformar parte das 657 unidades de ensino. Até este fim de semana, segundo ele, 259 haviam passado por intervenções. Outras 77 devem ter reparos mais simples realizados ao longo do ano.
A mudança desagradou professores, que dizem que o calendário foi imposto arbitrariamente e trouxe prejuízos a estudantes e funcionários da área. Com a alteração, as aulas passam a terminar em 29 de dezembro e o recesso de meio de ano, que coincide com o período de seca, fica encurtado.
“Há uma insatisfação com tudo isso. Não são só as pendências financeiras”, declarou a diretora do Sindicato dos Professores Rosilene Correa. “Algumas outras medidas do governo, como a redução do número de coordenadores pedagógicos e o fato de nem todas as escolas passarem por reforma, apesar do adiamento, também trouxeram esse sentimento.”
Rosilene afirma que a categoria reclama das dificuldades para retomar as atividades sem todas as intervenções de infraestrutura previstas e com menor número de funcionários. Escolas de ensino médio que trabalhavam com cinco coordenadores passaram a ter somente um neste ano, de acordo com ela, prejudicando o serviço.
“O Setor Oeste e Setor Leste [ambas no Plano Piloto] são escolas destaque, principalmente pelos projetos diferenciados que desenvolvem . E isso só tem sido possível por causa do suporte pedagógico que os coordenadores desenvolvem”, diz. “Não haverá aula. Voltar ao trabalho como se nada tivesse acontecendo é exigir muito da categoria.”
O sindicato divulgou nota criticando as ações do governo, mas tanto o governador quanto o secretário trabalhavam com a ideia de que as escolas funcionarão normalmente nesta segunda. Gregório disse ainda que a assembleia deveria ter feito na quinta ou sexta, para não prejudicar os estudantes.
“Quero dizer aos pais, aos estudantes, adolescentes, adultos, que devem se dirigir às escolas na segunda-feira porque tenho certeza que muitas escolas estarão funcionando, muitos professores [estarão] trabalhando e recebendo os alunos para iniciar o ano letivo”, disse em coletiva no sábado.
O DF tem 27 mil professores na rede pública, incluindo os 3,5 mil contratados temporariamente para cobrir as carências no início deste ano. A estimativa é que outros 3 mil precisem ser chamados ao longo de 2015 para suprir déficits com futuras licenças.
Crise administrativa
O pagamento dos salários, 13º e férias de servidores da Educação e da Saúde foi afetado no final da gestão Agnelo Queiroz. Secretário de Administração à época, Wilmar Lacerda declarou que a arrecadação menor do que a esperada se refletiu nos atrasos nos vencimentos e na manutenção de serviços.
Com isso, professores cruzaram os braços e fecharam o Eixo Monumental em várias ocasiões ao longo de dezembro. Todas as escolas do DF foram atingidas, parcial ou totalmente, e milhares de alunos tiveram de ser dispensados por causa da ausência dos profissionais.
As dificuldades afetaram várias outras áreas. Na Saúde, o governo decidiu remanejar R$ 84 milhões de convênios com o governo federal – incluindo o fomento a programas de combate e prevenção a doenças como dengue e Aids, que apresentaram indicadores ruins neste ano – para pagar dívidas com fornecedores e reabastecer a rede pública da capital do país com medicamentos e materiais hospitalares.
A crise também afetou os serviços demanutenção de gramados, plantio e limpeza de canteiros ornamentais, além da poda de árvores, que foram suspensos por falta de verba. Quatro empresas – Coopercam, EBF, Tria e FCB – eram responsáveis pela atividade, com aproximadamente 500 trabalhadores. Elas também eram responsáveis por fornecer equipamentos e transporte dos funcionários.
A Novacap anunciou a suspensão da segunda fase do “Asfalto Novo”, programa de recapeamento em vias urbanas do Distrito Federal. O motivo apontado também foi falta de dinheiro. A companhia afirmou na ocasião que ainda restavam 2 mil quilômetros de pistas a receberem obras.
A crise também afetou o transporte público. Motoristas e cobradores de quatro das cinco empresas de ônibus cruzaram os braços por três por não receberem o 13º salário e outros benefícios. O DFTrans repassou R$ 35 milhões para as viações, para garantir a retomada dos serviços. No período, 700 mil pessoas foram prejudicadas.
Além disso, sem verba disponível, o governo cortou obras em escola e alimentação de presidiários para realizar festa de réveillon na Esplanada dos Ministérios. O evento foi orçado em R$ 1,6 milhão e teve como principais atrações a dupla de sertanejo universitário Thaeme e Thiago o cantor de “funk ostentação” MC Gui.
Fonte: G1
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