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Com R$ 30 mil de perdas com catraca livre, Metrô pede mais 80 servidores
Mesmo ciente das restrições impostas pela Lei de Responsabilidade Fiscal, a direção do Metrô solicitou ao governo do Distrito Federal autorização para convocar 80 operadores aprovados no último concurso da empresa. De acordo com o presidente, Marcelo Dourado, o argumento utilizado foi de que a autarquia vive uma excepcionalidade já que, por falta de servidores, precisa frequentemente liberar o acesso gratuito de passageiros. O prejuízo estimado com as “catracas livres” é de até R$ 30 mil por mês.
Os operadores metroviários são responsáveis por todos os serviços dentro da estação, incluindo a venda das passagens, o auxílio a pessoas com deficiência, o monitoramento de câmeras e a prestação de informações. Por causa do baixo número de servidores, eles geralmente trabalham em dupla. A última seleção para o cargo ocorreu em 2013, e 420 pessoas aprovadas esperam desde então serem chamados pelo Metrô.
“Temos problema de pessoal. Precisamos de quase 300 bilheteiros para as 24 estações e não temos nem um quarto disso”, diz o presidente. “Temos uma evasão de receita alta com a catraca liberada. Geralmente acontece na hora do almoço, quando um dos operadores sai e o outro fica sozinho, tendo de cuidar de tudo. Aí chega o usuário, não tem gente para ficar na bilhetagem. Pela lei, não podemos barrar o acesso. Aí temos que deixar entrar.”
Dourado também somou à justificativa o fato de ter conseguido economia de R$ 9 milhões após revisar os atuais contratos da autarquia, incluindo os das áreas de manutenção, limpeza e conservação. Por telefone, o Comitê de Governança do DF – que reúne as secretarias de Planejamento, Fazenda e Gestão Administrativa, além da Casa Civil e da Procuradoria do DF e monitora gastos da administração – disse entender o problema do Metrô e afirmou estar avaliando soluções. A organização declarou ainda que o Executivo está impedido de fazer novas contratações até o final de maio, por causa da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Imagens feitas por um leitor no início do mês em Ceilândia Norte mostram as catracas liberadas, permitindo que passageiros embarcassem sem precisar pagar pelo bilhete. O acesso fica livre pela entrada lateral, feita para deficientes físicos. Diretor de administração e finanças do Sindicato dos Metroviários, Quintino dos Santos Sousa afirma que a defasagem no número de servidores é realmente alta e tem provocado sobrecarga de trabalho. “O que demonstra que o prejuízo que existe por não chamar os concursados neste momento é maior do que se chamasse. Se você abre uma cancela por uma hora em horário de pico, você perde muito dinheiro. Sairia mais barato se o Metrô não precisasse abrir cancela todos os dias.”
Segundo o sindicalista, o problema ficou mais frequente nos últimos 18 meses. Ele também afirma que os 80 novos servidores pretendidos pela direção não resolverão o problema, mas ajudarão a desafogar os atuais operadores. A categoria trabalha oito horas por dia e tem direito a uma hora e meia de intervalo.
“É pouco, mas ainda assim é melhor do que não chamar. Para resolver realmente a situação, ao longo do tempo precisaria realmente chamar mais gente. A gente fica se perguntando se até essa quantidade do cadastro seria suficiente”, diz. “Mas a gente entende que realmente o governo está passando por dificuldade econômica neste momento, que assumiu o GDF em uma situação muito difícil mesmo.”
O assistente administrativo Sebastião Claudio Nunes Junior conta que foi aprovado no concurso e aguarda “ansioso” a convocação. “Nós entendemos de certa forma o lado do presidente do Metrô. Como ele assumiu agora em janeiro, entendemos que ele assumiu o trabalho com crise financeira, mas não é uma justificativa plausível perder dinheiro liberando catraca sendo que há quem poderia trabalhar evitando perda de receita”, declarou.
O Metrô funciona entre 6h e 23h30 de segunda a sábado e 7h e 19h aos domingos e feriados. A média é de 140 mil passageiros por dia. O sistema tem 54 quilômetros de extensão e liga Ceilândia e Samambaia ao Plano Piloto. A estação com maior fluxo é a da rodoviária, por onde passam 20 mil pessoas por dia. O preço cobrado pela passagem é de R$ 3 (R$ 2 aos finais de semana e feriados).O governo do Distrito Federal anunciou no final de janeiro ter identificado um déficit de R$ 6,5 bilhões para cobrir as despesas de 2015. O montante inclui R$ 15 milhões negativos na disponibilidade de caixa em 2014 entre recursos vinculados e não vinculados, R$ 3 bilhões de despesas já conhecidas do governo anterior e mais R$ 3,5 bilhões de déficit para despesas com pessoal para 2015. Os dados estão no “Relatório de Gestão Fiscal”.
Na época, o secretário de Fazenda, Leonardo Colombini, informou também que os gastos com pessoal de 2014 estavam próximos do limite máximo, que é de 49% das despesas do governo, e já ultrapassaram o limite prudencial – faixa de atenção, que é de 46,55%. O índice na época estava em 46,93%.
Com base na Lei de Responsabilidade Fiscal, o GDF ficou impedido de fazer contratações, admissão de pessoal a qualquer título, conceder aumentos, reajustes ou qualquer tipo de vantagem aos servidores, criar cargos, alterar a estrutura de carreira que aumente a despesa e contratar horas extras, exceto na Saúde, nos primeiros cinco meses do ano.
De acordo com o presidente do Metrô, Marcelo Dourado, R$ 77,2 milhões correspondem a dívidas da autarquia. Ele afirma que revisou a maior parte dos contatos firmados pelo órgão e que conseguiu redução de 20% a 25% nos custos.
Fonte: G1
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