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Greve das merendeiras suspende aulas em creches de Sorocaba
A greve das merendeiras das instituições municipais de ensino de Sorocaba (SP) tem prejudicado centenas de alunos. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Refeições de Sorocaba e Região (Sindirefeições), 400 profissionais da área estão em greve desde segunda-feira (6) devido aos atrasos em pagamentos de salários e vale-refeição e transporte. A informação é que a empresa contratada também não está depositando o fundo de garantia dos trabalhadores. Em nota, a Prefeitura de Sorocaba afirmou que está fazendo um levantamento da real situação em todas as unidades escolares do município.
Nesta terça-feira (7), os pais dos alunos do Centro Educação Infantil Aluísio de Almeida (CEI 13), localizada no bairro Brigadeiro Tobias, foram informados de que as aulas foram suspensas, por tempo indeterminado, por falta de merenda.
A analista fiscal Juliana Ramal, de 32 anos, ficou surpresa quando recebeu a notícia na hora que foi levar o filho Gabriel, de 5 anos, à escola. “Hoje ao chegar na escola nos deparamos com a situação de que não teria aula, pois nem a merenda seca (como bolacha e leite em pó) havia mais e nem sabem quando vão normalizar a situação”, conta.
Diante da situação, a mãe precisou levar o filho de volta para a casa. Mas, para isso, o pai da criança, o operador de multifuncional Gilvan Pedroso, de 34 anos, não poderá dormir para tomar conta do menino. “Ele (filho) ficou com meu esposo que trabalhou a noite toda e chegou em casa as 6h30. Ou seja, vai passar o dia sem dormir e trabalhar a noite novamente. Mas se ele não estivesse no terceiro turno, eu teria que faltar do trabalho”, desabafa Juliana.
Uma professora da CEI 13 contou ao G1 que o problema não se restringe apenas a greve das merendeiras, como também a falta dos produtos adequados para a preparação das refeições das crianças.
“A entrega vem sendo comprometida desde o ano passado. As merendeiras, além do problema que elas estão tendo com os salários, elas estão segurando muito a onda da prefeitura neste tocante, porque elas não recebem todos os produtos. Quando vem o macarrão, não vem o molho, quando vem a carne, não vem o pão. Então, elas estão se virando como pode”, conta a professora que prefere não ter a identidade revelada.
Ela conta ainda que, por conta deste problema, a qualidade da merenda das crianças acaba sendo comprometido. “As crianças estão comendo muito bolo, muito pão quando vem, com margarina, e quando a escola consegue comprar coisas para compor a merenda, ela acaba comprando, mas não é sempre que isso é possível. As mães sabem que a merenda seca se resume a sucrilho, bolacha e suco, e isso não é suficiente e nem saudável”.
A professora frisa que a suspensão das aulas não ocorre apenas na unidade 13, como também em outras do próprio bairro Brigadeiro Tobias. “As outras escolas do bairro também estão enfrentando o mesmo problema e tiveram que suspender as aulas. Como, por exemplo, a creche e, principalmente, a escola de ensino fundamental, já que uma alimentação só com a merenda seca fica pobre para uma criança que fica em tempo integral na escola.”, acrescenta.
Apesar dos transtornos causados na vida de muitos pais, por conta da paralisação das atividades das merendeiras, Juliana garante que entende o lado delas e, até por isso, se juntou a outras mães para fazer um abaixo-assinado para pedir esclarecimentos para a prefeitura. “Entendo o lado delas e acho que estão certas em lutar pelas melhoras e infelizmente essa é a forma que elas têm para protestar. Acredito que o problema está na má administração da prefeitura e do dinheiro público. Se existe uma verba que é destinada a educação, isso inclui merenda nas escolas, porque não é gasta com isso?”, finaliza.
Protesto das profissionais da área
Um grupo de aproximadamente 100 merendeiras da rede municipal de ensino de Sorocaba realizaram uma passeata na área central da cidade na manhã desta terça-feira (7). O objetivo do protesto foi cobrar uma posição da prefeitura sobre o assunto.
“O Executivo precisa tomar uma atitude porque este é um problema que acaba atingindo a população, as crianças. O sindicato está tomando todas as medidas cabíveis nas questões trabalhistas, com a greve e acionando a empresa na Justiça”, afirma a diretora do Sindirefeições, Alessandra Bércio.
De acordo com ela, 400 merendeiras aderiram à paralisação. O sindicato diz ainda que a empresa contratada pela prefeitura também não está depositando o fundo de garantia dos trabalhadores.
Questionada, a Prefeitura de Sorocaba se limitou a dizer que faz um levantamento para avaliar o impacto da greve nas escolas da rede municipal. A prefeitura não respondeu quais medidas está tomando sobre o fornecimento das merendas nas creches municipais. Além disso, o Executivo ressalta que todos os repasses para empresa ERJ estão em dia por parte da administração municipal.
O setor de Recursos Humanos da ERJ Alimentos, que presta o serviço, informou por meio de nota que apenas o salário de 150 funcionários que recebem no segundo dia útil do mês estava atrasado. A empresa afirma que depósito foi realizado nesta terça-feira (7). Já os demais colaboradores, 780 funcionários, que recebem no quinto dia útil, também tiveram os benefícios pagos nesta manhã.
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