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Em ato contra Cunha, alunas falam de razões para formar coletivo feminista

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Coletivos nas escolas em geral nascem de episódios machistas, dizem elas.

Entre os milhares de manifestantes que se reuniram na Avenida Paulista na tarde desta quinta-feira (12), no protesto “Mulheres contra Cunha”, estavam garotas estudantes que, sozinhas ou em grupo, foram pedir a rejeição, no Congresso Nacional, do Projeto de Lei 5069, do presidente da Câmara, o deputado federal Eduardo Cunha

O ato foi pacífico e começou na Avenida Paulista às 17h. Às 21h30, a manifestação estava na Largo Paissandu, no Centro da capital paulista, onde o ato foi encerrado.

Muitas das jovens que fizeram o trajeto participam de coletivos, grupos formados de forma espontânea dentro de escolas, universidades ou sem vinculação específica com uma instituição. Ao contrário dos grêmios estudantis e dos centros e diretórios acadêmicos, os coletivos só começaram a aparecer em maior número – e a exercer maior pressão – recentemente, principalmente entre as escolas e colégios do ensino médio.

Na marcha desta quinta, a maior parte dos coletivos estudantis  era formada em torno das reivindicações feministas e era composta apenas por mulheres.  Muitos grupos foram fundados dentro de escolas e faculdades após episódios de machismo. O objetivo, nesses casos, é reunir as estudantes para pressionar por mudanças dentro da instituição, além de apoiar causas feministas que envolvem toda a sociedade.

Mas outras organizações (nacionais, como o Movimento de Mulheres Olga Benário, ou internacionais, como a Marcha Mundial das Mulheres) também tinham estudantes entre suas participantes. Outros grupos, que são abertos para homens e mulheres e defendem outras pautas além da questão de gênero, também estavam representantes no protesto.

As amigas Raquel, Mayara, Isadora e Julia (à direita): Raquel e Isadora já participam de coletivos, mas Mayara e Julia ainda não encontraram um com que se identificam (Foto: Fabio Tito/G1)

As amigas Raquel (esq.), Mayara (de preto), Isadora e Julia (à direita): Raquel e Isadora já participam de coletivos, mas Mayara e Julia ainda não encontraram um com que se identificam (Foto: Fabio Tito/G1)

Formação política
As jovens  afirmam que parte da opinião que têm sobre o tema foi formada durante os encontros de seus coletivos estudantis. Para Raquel Pfutzenreuder, que está no primeiro ano do curso de fotografia no Senac, a ideia do feminismo chegou antes da entrada no coletivo de meninas da sua instituição, mas foi lá que ela acabou tendo contato mais apronfudado com o assunto.

“Descobri que o feminismo tem diversas correntes que eu não conhecia, tive contato com transexuais, todos os dias eu aprendo um pouco, fica difícil enumerar”, explicou ela. A jovem diz que, apesar do pouco espaço para manifestações culturais e políticas na faculdade, as participantes do grupo tentam disseminar as ideias entre os amigos, no intuito de desconstruir a “cultura machista no âmbito universitário”.

A estudante Isadora Claro Ambrósio, de 19 anos, atualmente está no ensino médio, e conta que, há um ano, um grupo de garotas do seu colégio decidiu criar um coletivo feminista. “Tavm tendo muito comentário machista na minha escola e alguns atos muito problemáticos que estavam coagindo as meninas, aí surgiu a ideia de criar o coletivo”, afirmou.

Helena Zelic, de 19 anos, é militante da Marcha Mundial das Mulheres, mas afirma que, antes de se formar no colégio já havia tido contato com o feminismo. Segundo a jovem, após “ataques” feitos pelos meninos da escola, as alunas decidiram formar um coletivo, para pressionar a diretoria a tomar medidas em relação aos casos.

A estudante de letras Helena Zelic, de 19 anos, atualmente milita na Marcha Mundial das Mulheres e toca na 'batucada' da Fuzarca Feminista; mas, quando estava no colégio, já participava de coletivo de meninas (Foto: Fabio Tito/G1)

A estudante de letras Helena Zelic, de 19 anos, atualmente milita na Marcha Mundial das Mulheres e toca na ‘batucada’ da Fuzarca Feminista; mas, quando estava no colégio, já participava de coletivo de meninas (Foto: Fabio Tito/G1)

A estudante Karen, de 16 anos, acredita que homens (que atualmente representam a grande maioria no Congresso) não deveriam legislar sobre o corpo das mulheres. Segundo Leila Madureira, de 18 anos, a justificativa de Cunha para apresentar o projeto representa a interferência da religião dele nos assuntos políticos.

Já Helena diz que esse projeto específico representa um retrocesso nos direitos já conquistados pelas mulheres. Por sua vez, Bruna da Silva Magno, estudante de matemática de 24 anos, afirma que as alterações propostas no PL vão, na prática, impedir mulheres que engravidaram após sofrerem estupro de exercerem seu direito a terminar a gravidez.

Karen tem 16 anos e há cerca de três meses começou a participar do Juntos: ela diz ser contra o PL 5069 porque acredita que os homens não devem legislar sobre o corpo das mulheres (Foto: Fabio Tito/G1)

Karen tem 16 anos e há cerca de três meses começou a participar do Juntos: ela diz ser contra o PL 5069 porque acredita que os homens não devem legislar sobre o corpo das mulheres (Foto: Fabio Tito/G1)

A trabalhadora Bia Guzmán, de 21 anos, mora na Sé e disse que decidiu largar a faculdade de direito, onde tinha bolsa de estudos do Programa Universidade para Todos (Prouni), porque não conseguia estudar e trabalhar para pagar o deslocamento até a faculdade. Além disso, ela diz que o ambiente no curso era muito machista.

Depois de participar dos protestos de 2013, ela começou a participar do Coletivo Feminino Anita Garibaldi, que não é composto apenas de estudantes, e tem uma linha marxista e comunista. Por isso, ela diz que não é feminista, porque acredita que a luta de classes e a questão de gênero não podem ser vistas de forma separada.

Bia Guzmán, de 21 anos, diz ser ex-bolsista do Prouni e é militante do Coletivo Feminino Anita Garibaldi (Foto: Fabio Tito/G1)

Bia Guzmán, de 21 anos, diz ser ex-bolsista do Prouni e é militante do Coletivo Feminino Anita Garibaldi (Foto: Fabio Tito/G1)

Mayara Liz, de 19 anos, atualmente faz cursinho para prestar direito e diz que ainda não encontrou um coletivo que combine com sua ideologia sobre o feminismo. Mas, segundo ela, grupos no Facebook também ajudam na formação e no debate sobre o tema. Ela disse ter ido à marcha com as amigas porque é contra o projeto de lei e a favor da legalização do aborto. “É o mínimo, né?”, questionou ela.

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