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Economia

Processo de impeachment causará megatempestade na economia

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O acolhimento pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, de um pedido de impeachment da Dilma Rousseff terá efeitos muito negativos sobre a economia, de acordo com analistas internacionais ouvidos pela BBC Brasil – embora a reação inicial dos mercados tenha sido positiva, com a Bolsa operando em alta e o dólar, em baixa.

O agravamento da crise política chega num momento muito ruim para o país e tende a colaborar para a formação de um cenário econômico extremamente tempestuoso, afirmam.

Mas, ao mesmo tempo, ironicamente seria o “timing” ideal para as pretensões da presidente em evitar seu afastamento:

“Independentemente do resultado final, o processo paralisará o Legislativo brasileiro e vai impedir a análise da reforma fiscal, algo crucial para a recuperação econômica do país. Mas, para Dilma, ocorre antes do que estimamos que poderá ser o pior momento para o Brasil, o período entre o segundo e o terceiro trimestres de 2016, quando a economia prometer piorar e oferecerá um cenário bem mais difícil para a presidente”, afirma Angela Bouzanis, economista da FocusEconomics, consultoria internacional que analisa mais de 127 países.

“O governo brasileiro está em uma posição horrorosa. Há inflação, juros altos, preço baixo para produtos de exportação e todos os problemas ligados à corrupção e às contas públicas. A única forma de responder é aprovar reformas em um ambiente politicamente hostil”, completa a economista.

Jill Hedges, vice-diretora da consultoria Oxford Analytica, diz que o processo de impeachment poderá tornar inevitável um novo rebaixamento da economia brasileira pelas agências de classificação de risco, o que faria o país ainda menos atraente para os investidores internacionais.

“A economia encontra-se em péssimo estado e o governo não tem como fazer nada. As crises estão se alimentando uma das outras, e mesmo empresas como a Petrobras e a Vale estão em dificuldade. E as recentes desvalorizações do real, que poderiam ajudar as exportações, não têm surtido o efeito desejado.”

AFP/Reuters

O fator PMDB

Especialistas afirmam discordar de algumas análises sobre o impasse divulgadas pela imprensa, na quais a eventual saída de Dilma é vista como uma chance de pacificação, sobretudo pela crença de que a ascensão do vice, Michel Temer, resultaria em um governo de imagem mais amigável para o mercado.

Além das acusações de corrupção que atingiram Cunha e ameaçam hoje seu mandato, analistas lembram que o PMDB em si também é alvo de denúncias da operação Lava Jato – logo, também enfrentaria imensas dificuldades de governabilidade. O presidente do Senado, o peemedebista Renan Calheiros, também é investigado no escândalo.

“O PMDB pode até ter uma bancada maior que a do PT, mas ainda não é suficiente para uma maioria. Com isso, precisaria costurar alianças em um Congresso em guerra – o PT, por exemplo, poderia facilmente se radicalizar com a saída de Dilma, que atualmente ainda consegue manter algum tipo de compromisso do partido com a reforma fiscal. A atual administração ainda parece o menor dos males”, afirma Cameron Combs, da consultoria Eurasia Group.

Em um relatório distribuído poucas horas depois da bombástica entrevista coletiva em que Cunha anunciou o acolhimento do pedido de impeachment, a Eurasia Group calculou em 60% as chances de Dilma terminar o segundo mandato e aposta que o pedido de impeachment não encontrará respaldo no Câmara.

Mas a consultoria também ressalta os efeitos negativos do impasse político.

“A necessidade de o governo lutar por sua sobrevivência vai deixar menos espaço para defender sua agenda, incluindo a aprovação da CPMF”, completa Combs.

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