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Idosa tatua no DF avião para marido morto: ‘Um dia voltaremos a voar’
Casal viveu 56 anos juntos; idosa acredita que marido é sua ‘alma gêmea’. Marido morreu há dois anos em decorrência de um problema cardíaco.
A saudade do marido, que morreu há dois anos, fez com que a aposentada Mariety Amorim de Freitas, de 79 anos, tatuasse um avião acima do seio esquerdo. O significado do desenho reflete o amor vivido pelo casal durante 56 anos. “Ele é o companheiro que me deixou muitas saudades. Um dia, voltaremos a voar juntos, de mãos dadas, pelos céus do amor”, diz.
O desenho foi feito no dia 3 de dezembro em um estúdio de tatuagem em Ceilândia, no Distrito Federal. O marido da aposentada, José de Freitas, morreu em 2013 em decorrência de um problema cardíaco. Desde então, a mulher sofre com a ausência de sua “alma gêmea”.
“Eu tenho certeza que o nosso amor veio de outras vidas. Se pudermos voltar para a Terra novamente, tenho certeza de que casaria com ele de novo. Vivo todo dia com esta esperança de reencontrá-lo. Quando o perdi, minha vida ficou sem graça, sem cor. Mas vamos recuperando aos pouquinhos.”
A tatuagem sempre foi um desejo da aposentada. Ela conta que fazias diversos desenhos de henna. Entretanto, ficava chateada quando eles desapareciam ou manchavam. “Não fiquei com medo de tatuar. É uma coisinha muito leve, não dói. Só senti uma picadinha e ficou linda. Me emocionei demais quando a vi. Quero mostrar para todas as minhas amigas”, conta Mariety.
Segundo a idosa, a ideia do desenho também surgiu a partir de um apelido do esposo. Por ser alto e bonito, como descreve Mariety, ele era chamado de “avião” pelos amigos. “Nós nos casamos com 20 anos. Ele foi meu primeiro namorado. O pedido de casamento foi lindo, inesquecível. Dele, surgiram 5 filhos lindos”, conta.
Mariety Amorim lembra do relacionamento longo e duradouro. Ela disse que o casal nunca pensou em divórcio e não teve brigas sérias. “José sempre foi companheiro, sempre cuidamos um do outro. Quando ficávamos doente, os remédios eram sempre dados na mão, sabe? Nós nos desdobrávamos para estarmos sempre juntos.”
O tatuador Rafael Bonfim, de 40 anos, foi quem fez o desenho na aposentada. Ele disse que a atitude emocionou todos do estúdio, que fica localizado em Ceilândia. Acostumado a fazer tatuagens de nomes de namorados , Rafael diz que a atitude de Mariety o deixou surpreendido.
“As tatuagens de nomes em jovens são feitas na expectativa de que aquele seja seu amor para sempre. Infelizmente na sociedade de hoje, é muito dificil. Por conceitos diferentes, porque estruturas familiares são distintas e até por causa do imediatismo existente. A maioria dos relaciomentos hoje em dia não dura mais de que cinco anos. Por isso existem tantas coberturas de tatuagens.”
Segundo Rafael, a tatuagem feita pela idosa reflete o amor que existiu entre eles. “Foi a paixão que nasceu, viveu, gerou frutos e agora ficará marcado em seu corpo como uma lembrança diária”, diz o tatuador.
A neta de Mariety, Luana de Freitas, de 19 anos, foi quem levou a idosa para fazer a tatuagem. Ela disse que avó passou por uma avaliação para saber se o procedimento não causaria riscos à saúde.
“Fiquei muito feliz com a atitude da minha avó. Para muitas pessoas, pode ser uma surpresa que uma senhorinha de quase 80 anos faça uma tatuagem. Porém, ela nunca se preocupou com esses tabus e preconceitos. Ela faz o que tiver vontade. Minha avó já até voou de parapente”, disse.
A idosa confessa que às vezes chora ao lembrar do marido, principalmente na hora de dormir. Entretanto, a saudade que machuca, segundo ela, vai sendo substituída aos poucos pela alegria dos netos. “Toda vez que estou sozinha penso nele. Agora, com essa tatuagem, meu marido será eternizado no meu peito. Ele sempre será lembrado com muito amor, carinho e respeito.”
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