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Ex-governador do DF, Agnelo Queiroz é citado em delação da Lava Jato

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Executivos da Andrade Gutierrez relataram pagamento de propina a político. Dinheiro saiu de obras do Estádio Nacional, dizem; Agnelo nega denúncia.

 

O ex-governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz (PT) foi citado na delação premiada de executivos ligados à empreiteira Andrade Gutierrez. Segundo trechos a que o Jornal Nacional teve acesso, a empresa pagou propina em obras de estádios da Copa do Mundo de 2014. Entre elas está o Estádio Nacional Mané Garrincha, em  Brasília – que custou cerca de R$ 2 bilhões.

Procurado, Agnelo afirmou que, enquanto o teor de todo o inquérito não for divulgado, é impossível comentar o assunto. A defesa dele disse que o cliente desconhece qualquer fato citado na colaboração premiada (veja ao final a posição dos outros citados).

Com custo estimado pelo Tribunal de Contas do DF em R$ 1,7 bilhão, o Estádio Nacional Mané Garrincha foi o mais caro construído para a Copa do Mundo. O valor é 153% maior do que os R$ 670 milhões previstos inicialmente no projeto. A Corte e o Ministério Público do DF suspeitam de superfaturamento na obra.

Governador Agnelo Queiroz, durante solenidade em frente ao Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília (Foto: Reprodução/TV Globo)

Governador Agnelo Queiroz, durante solenidade em frente ao Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília (Foto: Reprodução/TV Globo)

Da Arena da Amazônia, em Manaus, os executivos dizem que saíram repasses para o ex-governador Eduardo Braga (PMDB). Hoje ele é ministro de Minas e Energia. A delação também aponta que o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) foi beneficiado pelo esquema no Rio Janeiro por obras no Maracanã e no Complexo Petroquímico do Rio (Comperj).

Na colaboração – que engloba seis temas – , o ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio de Azevedo contou que ouviu do então tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff, Edinho Silva, que as sete empresas mais beneficiadas em contratos com o governo tinham um compromisso em comum. Elas teriam de doar R$ 100 milhões cada para a campanha eleitoral.

A construtora já tinha repassado R$ 60 milhões e foi cobrada porque o repasse foi feito ao ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto. A solução teria sido pagar os R$ 40 milhões que faltavam a Edinho – que hoje é ministro da Secretaria de Comunicação.

Os executivos da empresa também apontaram que havia desvios no setor elétrico, beneficiando políticos e presidentes de estatais. Eles negaram que houvesse irregularidade em pagamentos a palestras do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Gramado do Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília (Foto: Lucas Magalhães/Globoesporte.com)

Gramado do Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília (Foto: Lucas Magalhães/Globoesporte.com)

Outros lados
A Odebrecht não quis se manifestar sobre as declarações reveladas pelo Jornal Nacional.

A defesa de João Vaccari Neto reafirmou que tudo se limita a palavra de um delator e que nenhuma comprovação disso existe ou existirá, por não ser verdade.

O ex-governador do Rio Sérgio Cabral negou as afirmações do delator envolvendo o
nome dele e manifesta a indignação com relação às declarações.

Eduardo Braga afirmou ter saído do governo do Amazonas em março de 2010, sem ter assinado contrato ou pagamento relacionado a obras da Copa do Mundo, incluindo a Arena da Amazônia. Ele declarou receber com indignação e surpresa a citação ao nome dele e que, se ocorreram, foi por engano ou má fé.

O PDMB disse que jamais recebeu recursos irregulares ou autorizou alguém a usar o nome do partido para liberar dinheiro ilegalmente.

O PT nega as acusações e afirmou que todas as doações ocorreram “estritamente dentro dos parâmetros legais”, declaradas à Justiça eleitoral.

Em nota à TV Globo, o coordenador jurídico da campanha de reeleição de Dilma, Flávio Caetano, afirmou que a suposta delação premiada do ex-presidente da Andrade Gutierrez, se confirmada, é mentirosa.

A coordenação afirmou ainda que todas as doações à campanha presidencial foram espontâneas e que não houve pagamento de R$ 700 milhões das empresas.

A construtora Camargo Corrêa disse que firmou acordo de leniência para colaborar com a Justiça, corrigir irregularidades e ressarcir prejuízos causados.

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