Saúde
Cientistas britânicos afirmam que a solidão aumenta risco de derrame em 32%
Especialistas chegaram à conclusão após estudo que revisou dados de 181 mil adultos. Para especialistas, assim como a obesidade, a falta de convívio social potencializa a depressão e outros fatores de complicações cardíacas.
Para chegar à conclusão, a equipe consultou 16 bases de dados de estudos publicados até maio do ano passado envolvendo informações clínicas sobre 181 mil adultos que moravam sozinhos ou se sentiam sozinhos. Os monitoramentos duraram de três a 21 anos e, no total, foram registradas 4.628 ocorrências de complicações coronarianas (ataques cardíacos, angina e morte) e 3.002 de acidente vascular cerebral (AVC), também chamado de derrame. A análise aprofundada mostrou que o isolamento social foi associado a um aumento de 29% no risco de problemas cardíacos e de 32% no de AVC.
No estudo, divulgado hoje na versão on-line da publicação Heart Journal, os autores explicam que se trata de uma meta-análise observacional. Por isso, “nenhuma conclusão pode ser tirada sobre causa e efeito” do aumento da vulnerabilidade. “Nosso trabalho sugere que a abordagem contra a solidão e o isolamento social pode ter um papel importante na prevenção de duas das principais causas de morbidade”, defendem.
Segundo Lázaro Miranda, coordenador do Serviço de Cardiologia do Hospital Santa Lúcia, em Brasília, quando autoimpostos, a solidão e o isolamento social estão ligados à depressão, que é um considerável fator de risco para as doenças cardíacas. “É um mal tão significativo quanto a ansiedade e todos os tipos de estresse, no trabalho, em casa e nos outros tipos de relações”, ressalta. “Além disso, a depressão altera o sistema imunológico, interferindo no bom funcionamento do coração e do cérebro.”
Também conselheiro da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Miranda explica que o sistema de defesa debilitado provoca mais inflamações e infecções, quadro que, em adultos, favorece o surgimento da doença arterial coronariana — a formação de placas de tecido fibroso e colesterol que se acumulam nas paredes dos vasos sanguíneos. Seguindo a mesma linha das causas fisiológicas, o especialista diz que o estresse e a ansiedade liberam adrenalina e noradrenalina. “São substâncias que podem ser cáusticas para os vasos sanguíneos do coração e do cérebro, além de aumentarem a pressão arterial. E a depressão também favorece o aparecimento da hipertensão”, detalha.
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