“Toda a cidade está destruída, meu consultório está a ponto de desmoronar. A necessidade me obrigou, já que há tantas pessoas com dores de traumatismos, a dar atendimento na rua e organizar a comunidade do meu bairro”, disse o clínico-geral à Agência Efe.
Na calçada, embora pareça incrível, com o apoio de outros três médicos, o veterano médico não deixa de prestar serviço apesar das dificuldades.
“É preciso fazer hoje, porque talvez não possamos fazer amanhã”, acrescentou.
O clínico geral, que também tem distribuído alimentos, contou que em um dia ele e seu grupo distribuíram entre 400 e 500 refeições. Ele explicou algumas das dificuldades de sua missão e que teve que negociar para receber, da capital Quito, os equipamentos necessários para dispor de um gerador para ter luz elétrica.
Essas dificuldades são vencidas, segundo ele, “com muita vontade, com o apoio de muita gente e devido à urgência do momento, pois os moradores foram pedir ajuda pouco depois da série de prolongados tremores”.
“Como somos conhecidos da comunidade, em primeiro lugar vieram aqui”, relatou o médico, com 20 anos de experiência, mais de cinco deles em serviços de emergência.
Ao se referir ao tremor e seus efeitos, ele garantiu que nunca tinha visto algo tão devastador. “Jamais. Uma destruição de um povo tão exagerado, nem em uma guerra”, comentou.
O abalo sísmico o surpreendeu no centro médico e foi algo que ele definiu como “difícil de imaginar”.
“A primeira coisa que fizemos foi garantir a integridade física da minha família. Assim que saímos da casa, nos demos conta de que tudo tinha desaparecido e que os edifícios estavam sob escombros”, lembrou.
Também médico legista, Puma utilizou palavras como “desolador” e expressões como “imagem desastrosa”, e descreveu o tremor como “aterrorizante, inimaginável”.
“Nunca vivi essa experiência, e um como médico tenho um pouco de capacidade de reação. Mas, acredite, nesse momento não há valentes, só importa garantir a integridade das pessoas. No meu caso, também a da minha família, coisa que por sorte conseguimos”, disse.
Após o violento tremor, o médico e seus colaboradores entraram de novo na clínica, retiraram seus equipamentos e se instalaram na rua. O centro médico ficou de pé, mas devido ao risco de desabamento, não pôde ser usado.
Poucos dias depois do acontecimento, enquanto os moradores de Pedernales choram por seus entes queridos e a ajuda humanitária é canalizada pelas províncias afetadas, o atendimento de Puma segue na rua, e ele se soma aos pedidos de ajuda, como tantos equatorianos.
“Pedernales é uma cidade devastada, que não tem absolutamente nada. Antes não tinha, e hoje tem menos ainda”, afirmou ele, que pede “que as grandes empresas e as pessoas de organizações internacionais ajudem”.
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