No Brasil desde dezembro de 2013, o refugiado sírio Talal Al-Tiwani e sua família já são exemplos de sucesso na busca por uma nova vida no ocidente. Vendendo pratos típicos da culinária árabe em São Paulo, sob encomenda, desde 2015, eles inauguraram, nesta sexta-feira (29), no número 59 da Rua das Margaridas, na Zona Sul, seu primeiro restaurante, fruto de uma campanha de financiamento coletivo na internet.
Segundo ele, sua vida na Síria era “muito boa, mais tranquila e mais segura” que em São Paulo. “Eu trabalhava em um escritório, era engenheiro mecânico, tinha carro, casa, não passava dificuldade, mas aí veio a guerra e acabou com tudo”, relembra. Entretanto, Talal afirma que não pensa em deixar o país tão cedo, decisão que se deve ao sucesso de uma ideia descompromissada.
“Em 2015, fizemos uma festa em casa e preparamos alguns pratos. Um voluntário da ONG [Instituto de Reintegração do Refugiado (Adus)] provou e perguntou por que não vendíamos comida. Respondi que não sabia tocar um negócio assim”, diz Talal. “Ele, então, disse que nos ajudaria. Fez uma página no Facebook e começou a divulgar”.
Talal e sua esposa, Ghazal, passaram então a receber pedidos por salgados, pratos e sobremesas em sua casa, no Brás, entregando as encomendas no local. Com o negócio, participaram da Festa do Imigrante, de festas no Museu da Imigração e de outros eventos étnicos em São Paulo. Logo, uma nova sugestão de negócios foi feita ao casal.
“Foi outro voluntário que sugeriu para gente abrir um restaurante. Eu disse que não tinha dinheiro para isso, e ele falou desse site, o Kickante, em que as pessoas podem doar dinheiro pela internet para ajudar”, explica Talal. “Nós nos inscrevemos e colocamos um objetivo de R$ 60 mil para conseguirmos abrir o restaurante”.
A meta foi atingida em 21 de setembro de 2015, no último dia de arrecadação da campanha. De lá para cá foram mais de seis meses de preparação e contratação de funcionários. Além de Talal e sua esposa, a equipe do restaurante contará com cinco brasileiros. E o refugiado não quer parar por aí.
“Se tudo der certo com o restaurante acho que queremos abrir mais um, mais dois. E se eu tiver o diploma reconhecido vou tocar os dois negócios”, conclui Talal.
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