O aposentado Ênio de Moura aguarda há dez anos por um leito em UTI na rede pública do Distrito Federal para passar por cirurgia na coluna. Ele sofreu um acidente de trabalho em 2006 e desde então sente fortes dores. À TV Globo, a Secretaria de Saúde admitiu ter poucas vagas e informou que marcou a operação para a próxima segunda-feira (16) – mas disse não ter garantia de que ele realmente vá acontecer.
Moura chegou a ser internado no Hospital de Base para a cirurgia, mas não pôde fazer o procedimento por falta de UTI. Ainda de soro, ele reclamou a situação. “Geralmente eles me internam, quando chegam a me internar, mas a tomografia está quebrada ou não tem anestesista ou as vezes não tem UTI”, conta.
A operação é, segundo os médicos, a solução para as dores que ele sente. “É angustiante, muito angustiante, porque eu sofro muita dor mesmo,”
Dados da Secretaria de Saúde apontam que 69 pessoas esperam por UTI na rede pública em todo o DF. Não há previsão de zerar a fila. A pasta diz que, além de haver poucas vagas, faltam recursos humanos. Dos 406 leitos existentes, 71 não funcionam justamente por falta de profissionais.
“Infelizmente há um déficit de vaga, a gente não tem vaga suficiente pra todos os nossos pacientes. Há um déficit com relação a recursos humanos, a gente não tem recursos humanos para abrir todas as vagas que poderia abrir e há um impossibilidade de novas contratações porque já atingimos o limite das Lei de Responsabilidade Fiscal pra contratações”, disse o subsecretário de Atenção Integral à Saúde, Daniel Seabra.
Ele também afirmou que não há garantias de realizar a cirurgia de Moura. “Se chega um paciente em estado grave, um paciente que acabou de sofrer um acidente ou alguma coisa do tipo, é uma obrigação médica passar esse paciente antes para que a gente dê uma chance de sobrevida a ele. A programação é que seja feito, mas a gente não pode garantir com 100% de certeza.”
A Defensoria Pública informou que, nos quatro primeiros meses do ano passado, 294 pacientes procuraram ajuda para tentar uma vaga de UTI por meio da Justiça. No mesmo período deste ano, o número foi de 273 – ainda considerado alto.
“Infelizmente é um número preocupante”, disse o coordenador do Núcleo de Saúde da Defensoria Pública, Celestino Chupel. “A diminuição está acontecendo em razão da liberação de alguns leitos que estavam bloqueados, fazendo com que a necessidade de ações judiciais diminuísse.”
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