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PMs envolvidos em morte de menino prestam depoimento em SP

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Agentes alegaram que reagiram após garoto atirar três vezes nele. Amigo sobrevivente deu três versões diferentes sobre o caso.

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Quatro policiais militares envolvidos na morte de um menino de 10 anos na semana passada prestavam depoimento na sede do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), no Centro de São Paulo, nesta sexta-feira (10). Eles vão dar a versão deles sobre a perseguição ao veículo furtado por dois menores que terminou em morte na Zona Sul da capital.

Os agentes disseram logo após o caso que reagiram após o menino disparar três vezes. Um revólver calibre 38 com três estojos deflagrados (ou seja, que foram disparados) foi encontrado no interior do carro furtado.

O depoimento dos policiais é importante para sanar algumas dúvidas. O garoto que sobreviveu deu três versões diferentes sobre o caso. No boletim de ocorrência registrado na delegacia, o menino disse que foi procurado pelo amigo, que estava com uma arma de fogo, e que o teria convidado para roubarem um prédio no Campo Limpo, onde moravam pessoas “de posse”.

No dia seguinte, o advogado Ariel de Castro Alves, membro do Conselho Estadual de Direitos Humanos (Condepe), disse que o garoto mudou de versão. Ele negou que o menino que morreu tivesse disparado o terceiro tiro contra a PM com um revólver calibre 38, que foi apreendido.

“O que diferenciou foi que no final, no desfecho, quando batem o carro, não teria ocorrido um confronto. E nesse momento o policial teria disparado e atingido a cabeça do menino”, afirmou o advogado na ocasião.

Já no domingo passado (5), à Corregedoria da PM, o garoto alterou novamente a versão, desta vez, negando que ele e seu colega estivessem armados. Segundo o Condepe, o garoto de 11 anos alega agora que não houve troca de tiros, porque seu amigo de 10 anos não usava nenhuma arma e que o revólver calibre 38 foi “plantado” pelos policiais.

Reconstituição
Também nesta sexta, o ouvidor das Polícias de São Paulo, Júlio César Fernandes Neves, defendeu que o DHPP faça uma reconstituição da perseguição que terminou na noite do dia 2. O caso ocorreu após o menino e outro garoto, de 11 anos, furtarem um veículo de um condomínio na Vila Andrade, na Zona Sul da capital.

Em requerimento ao DHPP, Neves argumentou que o menino que sobreviveu deu três versões diferentes sobre quantos tiros o amigo deu contra a Polícia Militar antes de morrer. “A reconstituição é necessária porque não tem como saber a verdade real dos fatos. Já indicamos ao delegado a necessidade de se fazer, mas o DHPP é que tem que resolver isso. Tem que ter uma reconstituição para limpar as dúvidas que restam”, disse Neves.

Ele também pediu também que o menino de 11 anos fosse ouvido novamente. Isso porque, segundo Neves, as diferentes versões do garoto que sobreviveu à perseguição precisam ser explicadas. Na presença da mãe, no DHPP, logo após o ocorrido, o amigo do menor disse que o garoto disparou em direção aos policiais.

“Nós entramos com um ofício para que o garoto seja ouvido novamente. Esta última versão dele dada à Corregedoria, que ele não tinha arma, não está no inquérito do DHPP. A Polícia Civil precisa ouvir isso também. Precisamos saber por que o menino mudou tantas vezes a versão dos fatos. O mais correto é perguntar para ele por que ele falou isso, por que ele falou aqui. Precisamos saber dele por que ele mudou a versão e, diante destas diferenças, para que haja uma reconstituição”, defendeu o ouvidor.

“Ele é uma criança vulnerável, e esta vulnerabilidade leva a pressões dos demais. Se pudesse ter um psicólogo neste novo depoimento, seria bom”, recomenda Júlio Neves.

O G1 questionou a Secretaria de Segurança Pública sobre se o DHPP irá ou não fazer uma reconstituição do caso, e aguarda retorno.

Segundo o ouvidor das polícias, outro fato importante foi a constatação da perícia, divulgada pelo Bom Dia São Paulo, de que o cenário onde o corpo do menino foi encontrado acabou alterado. A perícia não teria encontrado indícios de que tenham sido feitos disparos de dentro do carro furtado. “É preciso confrontar a versão do menino com os dados da perícia, de que mexeram no carro”, acredita.

 

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